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A paz

segunda-feira, 02 de janeiro de 2023

Caros leitores, mais um ano se passou e já estamos em 2023. Desde 1968, o primeiro dia do ano é dedicado à paz entre os povos.

Caros leitores, mais um ano se passou e já estamos em 2023. Desde 1968, o primeiro dia do ano é dedicado à paz entre os povos.

Na ocasião da instituição desse dia, o Papa Paulo VI diz que: "A proposta de dedicar à Paz o primeiro dia do novo ano não tem a pretensão de ser qualificada como exclusivamente nossa, religiosa ou católica. Antes, seria para desejar que ela encontrasse a adesão de todos os verdadeiros amigos da Paz." É um chamado a aderir, acolhê-la. Não uma paz construída pela força, mas no sentido bíblico, como um dom messiânico por excelência, que é a nossa reconciliação e pacificação com Deus.

Lucas apresenta Jesus como verdadeiro pacificador, quando envia seus discípulos e os pede que comuniquem a paz, dizendo: "Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: 'Paz a esta casa!' E se lá houver um filho de paz, a vossa paz irá repousar sobre ele; senão, voltará a vós."(Lc 10,5-6).

Essa é aquela paz anunciada pelos anjos na noite do nascimento de Jesus em Belém. Como diz Anselmo Grün, "não é uma paz mundana; suas raízes são a glória de Deus, que desceu à terra na encarnação de seu Filho". “Jesus é a nossa paz: tendo derrubado o muro de separação e suprimido em sua carne a inimizade, Ele fez de dois povos um só” (Cf, Ef 2,14).

Essa paz é fruto da justiça, que Deus operou e opera em nós por meio da encarnação, paixão e morte de seu Filho. Por este mistério somos convidados a toda boa obra. Somos chamados a levar e comunicar essa paz que habita em nós e que recebemos como dom, por meio d'Ele. Não somos nós primordialmente seus construtores, antes ela é um dom conferido por Cristo.

O desejo hoje é que essa paz encontre lugar para habitar em cada coração. Sentimos e a vivenciamos quando recordamos que Cristo nasceu em nós, e damo-nos    conta, como Santo Agostinho, que há um lugar de paz, e esse lugar não está fora, mas dentro de nós, "...eis que procurava fora e estavas dentro".

Queridos leitores, enquanto cristãos, essa é a nossa fonte de paz. Mas bem sabemos que ela é um desejo universal, é o desejo de todo ser humano. Não fomos feitos para guerrear uns contra os outros, fomos feitos para paz que é um dom, e que, ao mesmo, é também um valor humano a ser realizado no plano social e político, mas suas raízes estão lançadas no mistério de Cristo.

Façamos hoje da prece do Papa Bento XVI a nossa prece. "Que a Virgem Maria que veneramos com o título Mãe de Deus, nos ajude a contemplar a face de Jesus, Príncipe da  Paz. Que ela nos ajude e nos acompanhe neste novo ano; que ela obtenha para nós e para o mundo inteiro o dom da Paz".

Pe. Gilmar Rodrigues Gomes

Assessor Diocesano da Pastoral da Comunicação

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Jesus nasce no meio de nós, é Deus-conosco

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Hoje trazemos para este nosso encontro semanal a Mensagem do Papa Francisco para o Natal 2022. Que estas palavras possam nos ajudar a preparar o coração para o novo ano que está para chegar.

Hoje trazemos para este nosso encontro semanal a Mensagem do Papa Francisco para o Natal 2022. Que estas palavras possam nos ajudar a preparar o coração para o novo ano que está para chegar.

Neste dia de festa, voltemos o olhar para Belém. O Senhor vem ao mundo numa gruta e é recostado numa manjedoura para os animais, porque os seus pais não conseguiram encontrar hospedagem, apesar de estar quase na hora de Maria dar à luz. Vem entre nós no silêncio e escuridão da noite, porque o Verbo de Deus não precisa de holofotes nem do clamor das vozes humanas. Ele mesmo é a Palavra que dá sentido à existência. Ele é a luz que ilumina o caminho. «O Verbo era a Luz verdadeira que, ao vir ao mundo – diz o Evangelho –, a todo o homem ilumina» (Jo 1, 9).

Jesus nasce no meio de nós, é Deus-conosco. Vem para acompanhar a nossa vida quotidiana, partilhar tudo conosco, alegrias e amarguras, esperanças e inquietações. Vem como menino indefeso. Nasce ao frio, pobre entre os pobres. Carecido de tudo, bate à porta do nosso coração para encontrar calor e abrigo.

Como os pastores de Belém, deixemo-nos envolver pela luz e saiamos para ver o sinal que Deus nos deu. Vençamos o torpor do sono espiritual e as falsas imagens da festa que fazem esquecer Quem é o Festejado. Saiamos do tumulto que anestesia o coração induzindo-nos mais a preparar ornamentações e prendas do que a contemplar o Evento: o Filho de Deus nascido para nós.

Voltemo-nos para Belém, onde ressoa o primeiro choro do Príncipe da paz. Sim, porque Ele mesmo – Jesus – é a nossa paz: aquela paz que o mundo não se pode dar a si mesmo e Deus Pai concedeu-a à humanidade enviando o seu Filho ao mundo. São Leão Magno tem uma frase que, na sua concisão latina, bem resume a mensagem deste dia: «Natal do Senhor é o Natal da paz» (Sermão 26, 5).

Jesus Cristo é também o caminho da paz. Com a sua encarnação, paixão, morte e ressurreição, abriu a passagem de um mundo fechado, oprimido pelas trevas da inimizade e da guerra, para um mundo aberto, livre para viver na fraternidade e na paz. Irmãos e irmãs, sigamos este caminho!

O nosso olhar se encha com os rostos dos irmãos e irmãs ucranianos que vivem este Natal na escuridão, ao frio ou longe das suas casas, devido à destruição causada por dez meses de guerra. O Senhor nos torne disponíveis e prontos para gestos concretos de solidariedade a fim de ajudar todos os que sofrem, e ilumine as mentes de quantos têm o poder de fazer calar as armas e pôr termo imediato a esta guerra insensata! Infelizmente, prefere-se ouvir outras razões, ditadas pelas lógicas do mundo. Mas a voz do Menino, quem a escuta?

O nosso tempo vive uma grave carestia de paz também noutras regiões, noutros teatros desta terceira guerra mundial... Neste dia, em que sabe bem encontrar-se ao redor da mesa recheada, não desviemos o olhar de Belém – que significa «casa do pão» – e pensemos nas pessoas que padecem fome, sobretudo as crianças, enquanto diariamente se desperdiçam quantidades imensas de alimentos e se gastam tantos recursos em armas... Neste dia, aprendendo com o Príncipe da paz, empenhemo-nos todos – a começar pelos que têm responsabilidades políticas – para que o alimento seja só instrumento de paz.

Hoje, como há dois mil anos, Jesus, a luz verdadeira, vem a um mundo achacado de indiferença – uma feia doença! – que não O acolhe (cf. Jo 1, 11); antes, rejeita-O como acontece a muitos estrangeiros, ou ignora-O como fazemos nós muitas vezes com os pobres... Não nos esqueçamos dos marginalizados, das pessoas sós, dos órfãos e dos idosos – a sabedoria dum povo – que correm o risco de acabar descartados, dos presos que olhamos apenas sob o prisma dos seus erros e não como seres humanos.

Belém mostra-nos a simplicidade de Deus, que Se revela, não aos sábios e entendidos, mas aos pequeninos, a quantos têm o coração puro e aberto (cf. Mt 11, 25). Como os pastores, vamos também nós sem demora e deixemo-nos maravilhar pelo Evento incrível de Deus que Se faz homem para nossa salvação.

Feliz Natal para todos!

Fonte: www.vatican.va

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Natal: Festa do Amor e da Reconciliação

sábado, 24 de dezembro de 2022

“Em Cristo a natureza humana foi assumida e não destruída, por isso mesmo também em nós foi elevada a sublime dignidade. Porque, pela sua Encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem” (GS, 22).

 

“Em Cristo a natureza humana foi assumida e não destruída, por isso mesmo também em nós foi elevada a sublime dignidade. Porque, pela sua Encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem” (GS, 22).

 

Comunidade: lugar do perdão e da festa. Este é o título do livro de Jean Vanier, bastante oportuno, sobretudo em tempos de tensões, divisões e polarizações. Para Vanier, a comunidade cristã é o lugar do perdão e da festa: “No coração da comunidade está a festa. A festa é alimento, revitalização. Estimula a esperança e dá nova força para retomar com mais amor a vida cotidiana”. A festa é também resultado do Perdão e exercício da Misericórdia. Quem se sente perdoado festeja, experimenta a satisfação e a alegria da Reconciliação com Deus, com os outros e consigo mesmo. Quem dá o perdão também sente a alegria verdadeira. Cultivar o perdão para poder festejar! Sem perdão não há festa e sem festa a vida se esvazia. O perdão precede a festa e a festa é o resultado do perdão como indica a Parábola do Pai Misericordioso: peguem o novilho gordo... vamos fazer um banquete... e começaram a festa (cf. Lc 15, 23-24). Portanto, o Natal é a Festa do Amor e da Reconciliação, pois Aquele que assumiu a nossa carne, veio para nos salvar e nos reconciliar com Deus. 

Neste ano, em nossa Diocese de Nova Friburgo, o Natal do Senhor foi precedido pelo Dia Diocesano da Reconciliação, celebrado no último dia 16 de dezembro, como preparação próxima e concreta para acolher Jesus que vem, veio e virá. Sigamos rezando pela reconciliação e paz nas famílias, entre amigos, colegas de trabalho, de escola, Comunidades, Igreja, Sociedade, grupos de redes sociais, pelo Brasil e mundo. Sabemos que há muitas famílias divididas e pessoas distanciadas por vários motivos e, atualmente, por questões políticas, partidárias e ideológicas. Urge reconciliar e cicatrizar as feridas, somos todos irmãos e precisamos reaprender a conviver pacificamente com opiniões divergentes. O que deve prevalecer é o Amor, a Unidade e a Misericórdia. Portanto, o Natal é um Tempo de Graça para restaurar, em Cristo, as relações feridas, e indicar uma urgente necessidade de retorno ao Primeiro Amor (cf. Ap 2,4), colocando Jesus no Centro de nossa vida, escolhas e atitudes, como Opção Fundamental capaz de “fazer novas todas as coisas” (Ap 21,5). 

Sem o perdão não há festa! O Natal é por tradição uma Festa familiar. Como celebrar o Natal, com tantas divisões e rivalidades na família de sangue, na família de amigos e colegas de trabalho, na família Igreja e na grande família, a sociedade brasileira? Como Bispo Diocesano, que está a serviço da pacificação, unidade e diálogo, procuro me orientar pelo conselho de São Paulo: “Somos, pois, embaixadores de Cristo; é como se Deus mesmo fizesse seu apelo através de nós. Em nome de Cristo, vos suplicamos: reconciliai-vos com Deus” (2Cor5,20) e, consequentemente, com os irmãos e irmãs, vivendo fraternalmente, sem brigas e rivalidades, deixando-nos guiar pela Luz do Príncipe da Paz. 

Rezemos e trabalhemos pela Paz, não apenas nesse sensível tempo do Natal, mas durante todos os dias de nossa vida. A Paz verdadeira é filha da justiça e do perdão. Portanto, com humildade, procure pedir o perdão, dar o perdão e perdoar a si mesmo. Somos todos irmãos! É hora de “ouvir cantos de festa e de alegria” (Sl 50,10), que vem da Festa oferecida pelo Pai Misericordioso a nós, Diocese da Alegria, da Unidade, da Gratidão e da Misericórdia (os quatro pilares norteadores que apresentei no dia de minha posse). 

Desejo-lhes um Feliz e Santo Natal. Vem Senhor Jesus, fica conosco e nos torne mais humanos. Jesus nasce em nós e nós renascemos Nele para uma vida nova. Gratidão por tudo, por tanto, por todos e todas, que durante este complexo ano de 2022, nos acompanharam por meio de inúmeros gestos de amor, partilha, solidariedade, acolhida e orações, expressões concretas da Fé em Cristo, nosso Salvador. Gratidão ao Jornal Voz da Serra por esse precioso espaço a nós oferecido.  Desejo-lhes, também, um sereno e frutuoso Novo Ano! O balanço do ano que finda é sempre positivo porque, movidos pelo amor de Deus, somos capacitados para superar os obstáculos e situações adversas e com Maria, nossa Mãe Maior, cantar: “O Senhor fez em nós (e por meio de nós) maravilhas”!  

Com minha bênção, orações e gratidão, unidos no compromisso de sermos instrumentos de paz, reconciliação e amor.  

 

Dom Luiz Antonio Lopes Ricci

Bispo de Nova Friburgo

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Reconciliação: justiça, misericórdia e paz se abraçarão!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

O Dia Diocesano da Reconciliação instituído pelo nosso Bispo D. Luiz Antonio Lopes Ricci, celebrado no último dia 16, em todas as paróquias, nos propõe um momento e um espaço para a reconstrução dos laços de unidade, perdoando e sendo perdoado, superando mágoas e ressentimentos, resgatando o espírito fundamental do respeito à dignidade de cada pessoa humana de "imagem e semelhança" do Criador, de filha de Deus.

O Dia Diocesano da Reconciliação instituído pelo nosso Bispo D. Luiz Antonio Lopes Ricci, celebrado no último dia 16, em todas as paróquias, nos propõe um momento e um espaço para a reconstrução dos laços de unidade, perdoando e sendo perdoado, superando mágoas e ressentimentos, resgatando o espírito fundamental do respeito à dignidade de cada pessoa humana de "imagem e semelhança" do Criador, de filha de Deus.

Um oportuno e necessário gesto concreto de reaproximação, de refeitura dos laços das amizades, da união familiar, da fraternidade da comunidade, da Igreja, da comunhão bela de um só povo e nação, em busca do Bem comum.

E sabemos que "a paz é fruto da justiça" (Is 32,17), da verdade, da conversão e conformação de nossas vidas e consciências à vontade do nosso Deus amoroso. Sobre esta temática falam os vários e ricos textos do tempo litúrgico do advento, que prepara o nosso coração para a segunda vinda do Senhor (até o dia 16 de dezembro) e, mais proximamente, a primeira vinda do Messias-Salvador, o seu luminoso Natal, quando o Verbo divino, solidário a nós, se encarna, assumindo a nossa natureza, para libertar-nos de nossos pecados, egoísmo e soberba (de 17 a 24 de dezembro). Nasce na simplicidade de uma manjedoura, com a humildade do casal de Nazaré, da doação e fidelidade do justo São José, na entrega total de amor da Santíssima Maria, a grande Mãe da Luz e da Graça que se tornou, como serva fiel, Mãe de toda a humanidade, da Igreja.

A justiça de São João Batista ao preparar o caminho do Senhor, como aquela voz que clama no deserto, promoveu a chegada do Príncipe da Paz, como anunciava o Profeta Isaías (cf Is 9,6). A perseverança de um homem sólido, autêntico e sua pregação e batismo de conversão, respaldados pela sua vida e testemunho austero de santidade, aplainou as estradas do Senhor Salvador. O santo (qadosh em hebraico) é aquele que pratica a justiça (sedaqá) e o direito (tsadiq). Portanto, o justo que também é santo é aquele que, com sua consistência da caridade, constrói as veredas de um mundo mais pacificado, com aquela "tranquilitas ordinis" de que nos fala Santo Agostinho.

A paz é a tranquilidade da ordem de todas as coisas, aquela preservação, proteção e mesmo o resgate da ordem original da criação, a concórdia da harmonia e respeito à natureza, à casa comum, aos outros irmãos, aos direitos humanos, sociais, no amor à verdade, no diálogo enriquecedor, na partilha fraterna, no amor ao próximo, como nos ensinou Jesus, também e, principalmente, no abraço misericordioso aos mais necessitados, aos mais perdidos e doentes, os mais abandonados, pecadores, marginalizados e excluídos. Justiça e misericórdia se abraçam, na justiça-santidade da Nova Aliança, o dar a vida, perdoando, sem julgar, nem condenar, reintegrando sempre os que mais se afastaram da proposta do Pai, iluminando-os com o Espírito, abrigando-os todos no Coração Amorosíssimo de Cristo que com seu sangue já os lavou no alto da cruz, morrendo por eles e por nós, todos feridos pelos próprios pecados.

Sempre que pavimentarmos este caminho de reconciliação com Deus, com a nossa consciência e identidade, com a nossa dignidade, com os irmãos e com toda a criação, vendo em cada rosto, especialmente o mais sofrido, o próprio Jesus, então fazemos acontecer o Natal verdadeiro e profundo: Cristo que nasce dentro de nós, o Amor que se encarna em nossa história, que nos eleva e nos faz cada vez mais filhos do céu, na fraternidade que partilha, na solidariedade que promove, no gratuito amor que perdoa, que edifica e que liberta. Feliz Reconciliação! Feliz Natal!

Pe. Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça

Chanceler da Diocese

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Dia Diocesano da Reconciliação

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Hoje trazemos em nossa coluna a Carta de Proclamação do Dia Diocesano da Reconciliação, cuja data é 16 de dezembro de 2022, de autoria do bispo diocesano de Nova Friburgo, Dom Luiz Antonio Lopes Ricci.

Hoje trazemos em nossa coluna a Carta de Proclamação do Dia Diocesano da Reconciliação, cuja data é 16 de dezembro de 2022, de autoria do bispo diocesano de Nova Friburgo, Dom Luiz Antonio Lopes Ricci.

“Inspirado por Deus, durante a Eucaristia que presidi na sexta-feira, 25 de novembro, consciente de minha missão de pastor para exercer o Ministério da Reconciliação (cf. 2 Cor 5, 18), pacificação, unidade e misericórdia, referendado por unanimidade na reunião do Conselho de Pastoral Diocesano, realizada em 26 de novembro, convoco a todos e todas para um Dia Diocesano da  Reconciliação, neste tempo favorável do Advento, a realizar-se em 16 de dezembro, que precede o Domingo da Alegria e o início da preparação próxima para o Natal do Senhor.

Convoco a se unirem, sobretudo neste dia, em oração, jejum e realização                     de um gesto concreto de caridade e reconciliação. Que neste dia, seja celebrada em todas as paróquias, no mesmo horário, às 19h, a Santa Missa  pela Reconciliação.

Vamos rezar pela reconciliação e paz nas famílias, entre amigos, colegas de trabalho, de  escola, comunidades, Igreja, sociedade, grupos de redes sociais, pelo Brasil e pelo mundo. Sabemos que há muitas famílias divididas e pessoas distanciadas, principalmente por questões  políticas, partidárias e ideológicas.

Urge reconciliar e cicatrizar as feridas, somos todos irmãos e precisamos reaprender a conviver pacificamente com opiniões divergentes. O que deve prevalecer é o Amor, a Unidade e a Misericórdia. Portanto, trata-se de uma iniciativa evangelizadora, que visa restaurar, em Cristo, as relações feridas, e indicar uma urgente necessidade de retorno ao Primeiro Amor (cf. Ap 2,4), colocando Jesus no centro de nossa vida, escolhas e atitudes, como opção fundamental, capaz de “fazer novas todas as coisas” (Ap 21,5).

Sem o perdão não há festa! O Natal é por tradição uma festa familiar. Como celebrar o

 Natal, com tantas divisões e rivalidades na família de sangue, na família de amigos e colegas de trabalho, na família Igreja e na grande família, a sociedade brasileira? O Advento é o tempo  favorável para a reconciliação. Como bispo diocesano, a serviço da pacificação, unidade e diálogo, solicito, humildemente, a acolhida desta minha intuição, com docilidade, cuja fundamentação é unicamente espiritual, evangélica e eclesial, não sendo permitida nenhuma conotação ideológica ou política para este Dia Diocesano da Reconciliação.

“Somos, pois, embaixadores de Cristo; é como se Deus mesmo fizesse seu apelo através de nós. Em nome de Cristo, vos suplicamos: reconciliai-vos com Deus” (2Cor 5, 20) e, consequentemente, com os irmãos e irmãs, vivendo fraternalmente, sem brigas e rivalidades, deixando-nos guiar pela Luz do Senhor.

Rezemos e trabalhemos pela paz, não apenas no proposto Dia da Reconciliação, mas durante todos os dias de nossa vida. A paz verdadeira é filha da justiça e do perdão. Portanto, com humildade, procure pedir o perdão, dar o perdão e perdoar a si mesmo. Somos todos irmãos! É hora de “ouvir cantos de festa e de alegria” (Sl 50,10), que vem da festa oferecida pelo Pai Misericordioso a nós, Diocese da Alegria, da Unidade, da Gratidão e da Misericórdia (os quatro pilares norteadores que apresentei no dia de minha posse na diocese, em 4 de julho de 2020).

Desejo-lhes um frutuoso tempo do Advento, um Feliz Novo Ano Litúrgico e uma  autêntica e corajosa preparação para o Natal do Senhor, que passa pelo perdão, reconciliação e fraternidade. Rezemos: Vem Senhor Jesus para nos reconciliar com o Pai, conosco mesmos  e com os irmãos e irmãs. Que Nossa Senhora das Graças, nos conceda a graça da reconciliação e da vivência autêntica de nossa fé em Cristo.

Gratidão! Com minha benção, unidos nesta mesma intenção, verdadeiramente cristã, necessária e natalina.  

Dom Luiz Antônio Lopes Ricci, bispo da Diocese de Nova Friburgo  

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Um Messias diferente

segunda-feira, 05 de dezembro de 2022

A vivência do Tempo do Advento nos conduz a momentos de reflexão e oração voltados para a conversão do coração e a fé no Reino que vai chegar. Os textos bíblicos que nos acompanham neste itinerário fazem lembrar a promessa messiânica do antigo Israel. Os textos do profeta Isaías aprofundam nossa reflexão sobre o Messias esperado. “Nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor. (...) Ele trará justiça para os humildes e uma ordem justa para os homens pacíficos” (Is 11,4).

A vivência do Tempo do Advento nos conduz a momentos de reflexão e oração voltados para a conversão do coração e a fé no Reino que vai chegar. Os textos bíblicos que nos acompanham neste itinerário fazem lembrar a promessa messiânica do antigo Israel. Os textos do profeta Isaías aprofundam nossa reflexão sobre o Messias esperado. “Nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor. (...) Ele trará justiça para os humildes e uma ordem justa para os homens pacíficos” (Is 11,4).

A expectativa da chegada do Messias traz consigo a esperança de um mundo justo onde a concórdia alimente a paz e a prosperidade. A certeza que perpassa esta esperança é que o Justo Juiz vem para quem tem o coração pobre, para os que têm a consciência de que sozinhos não conseguirão levar o peso dos sofrimentos da vida. A justiça tão esperada por Israel não está somente na devolução da Terra Prometida, mas no consolo da alma abatida, na recuperação da força física, psíquica, econômica e existencial.

A paz prometida ultrapassa nossa humilde compreensão: “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, o leão, como um boi, se alimentará de palha, e a serpente comerá terra. Nenhum mal nem desordem alguma será cometida, em todo o meu monte santo” (Is 65,25). A promessa indica a reconciliação de toda a criação.

A fé cristã aponta para Jesus Cristo como o cumpridor dessas promessas, apesar de a esperança messiânica parecer ser frustrada por motivo do sofrimento assumido por Jesus. O sentimento de fracasso encheu o coração dos discípulos depois da morte cruenta do Messias. Eles haviam depositado todas as suas esperanças e desejos no Mestre. Contudo, depois da escandalosa morte na cruz, voltaram abatidos à vida anterior. As esperanças em que acreditavam desfizeram-se em pedaços, os sonhos que queriam realizar cedem o lugar à desilusão e à amargura.

O Papa Francisco nos faz recordar que a mensagem evangélica abre as perspectivas da humanidade para além das situações de decepção e tristeza. “Ainda hoje, quando experimentamos a violência do mal e a vergonha da culpa, quando o rio da nossa vida seca no pecado e no fracasso, quando, despojados de tudo, nos parece não ter mais nada, precisamente então é que o Senhor vem ao nosso encontro e caminha conosco” (Papa Francisco, homilia, 28 jul. 2022).

Assim, apesar de parecer que Jesus não satisfaz as expectativas do antigo Israel, podemos perceber que seu poder vai além das esferas deste tempo. E mais, a missão salvífica do Messias que é partilhada com cada cristão não se realiza num passo de mágica. Ela se faz num processo de conversão pessoal que atinge a totalidade do mundo.

A eficácia da ação messiânica está na proximidade e unidade com o Senhor que está presente no nosso caminho, que nos acompanha e nos fala. Para isso é preciso ter o cuidado de não nos deixarmos distrair, como tantas vezes somos levados, pelas futilidades e paixões deste mundo.

Construamos, pois, o reino de paz nos deixando “chacoalhar pelo torpor e despertando do sono” que paralisa (Papa Francisco, Angelus, 27 de novembro de 2022).

Padre Aurecir Martins de Melo Junior é pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Assunção no bairro Bela Vista

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Advento

terça-feira, 29 de novembro de 2022

No Evangelho ouvimos uma bonita promessa que nos introduz no Tempo de Advento: “Virá o vosso Senhor” (Mt 24,42). Este é o fundamento da nossa esperança, é o que nos sustenta até nos momentos mais difíceis e dolorosos da nossa vida: Deus vem, Deus está próximo e vem. Nunca nos esqueçamos disto! O Senhor vem sempre, o Senhor visita-nos, o Senhor está próximo e voltará no final dos tempos para nos acolher no seu abraço.

No Evangelho ouvimos uma bonita promessa que nos introduz no Tempo de Advento: “Virá o vosso Senhor” (Mt 24,42). Este é o fundamento da nossa esperança, é o que nos sustenta até nos momentos mais difíceis e dolorosos da nossa vida: Deus vem, Deus está próximo e vem. Nunca nos esqueçamos disto! O Senhor vem sempre, o Senhor visita-nos, o Senhor está próximo e voltará no final dos tempos para nos acolher no seu abraço.

Diante desta palavra, perguntamo-nos: como vem o Senhor? E como o reconhecemos e acolhemos? Reflitamos brevemente sobre estas duas perguntas: A primeira pergunta: como vem o Senhor? Tantas vezes ouvimos dizer que o Senhor está presente no nosso caminho, que Ele nos acompanha e nos fala. Mas talvez, distraídos como estamos por tantas coisas, esta verdade permanece para nós apenas teórica; sim, sabemos que o Senhor vem, mas não vivemos esta verdade ou imaginamos que o Senhor vem de uma forma sensacional, talvez através de algum sinal prodigioso. Ao contrário, Jesus diz que isso acontecerá “como nos dias de Noé” (cf. v. 37). E o que faziam nos dias de Noé?  Simplesmente as coisas normais e cotidianas da vida, como sempre: «comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento» (v. 38).

Tenhamos isto em mente: Deus está escondido na nossa vida, Ele está sempre ali, Ele está escondido nas situações mais comuns e ordinárias da nossa vida. Ele não vem em eventos extraordinários, mas nas coisas do dia a dia, Ele manifesta-se nas coisas de todos os dias. Ele está ali, no nosso trabalho diário, num encontro casual, no rosto de uma pessoa em necessidade, inclusive quando enfrentamos dias que parecem cinzentos e monótonos, precisamente ali está o Senhor, que nos chama, fala-nos e inspira as nossas ações.

No entanto, há uma segunda pergunta: como reconhecer e acolher o Senhor? Devemos permanecer acordados, alerta, vigilantes. Jesus avisa-nos: há o perigo de não perceber a sua vinda e de não estar preparado para a sua visita. Recordei noutras ocasiões o que Santo Agostinho disse: “Temo o Senhor que passa” (Serm. 88.14.13), ou seja, temo que Ele passe e eu não O reconheça!

De fato, Jesus diz das pessoas do tempo de Noé que comiam e bebiam “e não deram por nada até chegar o dilúvio” (v. 39). Prestemos atenção a isto: eles não repararam em nada! Estavam preocupados com as próprias coisas e não se aperceberam que o dilúvio estava a chegar. De fato, Jesus diz que quando Ele vier, «estarão dois homens no campo: um será levado e o outro será deixado» (v. 40). Em que sentido? Qual é a diferença? Simplesmente que um foi vigilante, esperava, capaz de discernir a presença de Deus na vida diária; o outro, ao contrário, estava distraído, “ia vivendo”, e não se deu conta de nada.

Irmãos e irmãs, neste tempo de Advento, deixemo-nos despertar do torpor e acordemos do sono! Perguntemo-nos: estou consciente do que vivo, estou alerta, estou desperto? Procuremos perguntar-nos: estou ciente daquilo que vivo, estou atento, estou acordado? Procuro reconhecer a presença de Deus nas situações quotidianas, ou estou distraído e um pouco sobrecarregado com as coisas? Se hoje não estivermos conscientes da sua vinda, também não estaremos preparados quando Ele chegar no final dos tempos.

Portanto, irmãos e irmãs, mantenhamo-nos vigilantes! À espera que o Senhor venha, à espera que o Senhor se aproxime de nós, pois Ele está presente, mas esperemos vigilantes. Que a Virgem Santa, Mulher da espera, que soube captar a passagem de Deus na vida humilde e escondida de Nazaré e o acolheu no seu ventre, nos ajude neste caminho a estar atentos para esperar o Senhor que está entre nós e passa.

Papa Francisco. Angelus, 27 nov. 2022 (Fonte: vatican.va)

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Cristo Rei

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

A quem proclamamos como nosso Rei? Nosso Rei é o Cordeiro imolado, Jesus Cristo, que se fez homem por nós, por nós anunciou e tornou presente o Reino do Pai e, para nos dar esse Reino de modo definitivo, por nós entregou-se na Cruz, morreu e ressuscitou.  Neste sentido, o Reinado de Cristo somente pode ser entendido a partir da lógica do próprio Cristo: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Eis a maneira como Jesus Cristo reina: servindo, dando a própria vida.

A quem proclamamos como nosso Rei? Nosso Rei é o Cordeiro imolado, Jesus Cristo, que se fez homem por nós, por nós anunciou e tornou presente o Reino do Pai e, para nos dar esse Reino de modo definitivo, por nós entregou-se na Cruz, morreu e ressuscitou.  Neste sentido, o Reinado de Cristo somente pode ser entendido a partir da lógica do próprio Cristo: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Eis a maneira como Jesus Cristo reina: servindo, dando a própria vida. Jesus é Rei porque se fez solidário conosco ao fazer-se um de nós, é Rei porque tomou sobre si o peso dos nossos pecados, é Rei porque passou entre nós servindo até entregar-Se totalmente por nós na cruz.

Refletindo sobre o servir, que é próprio da missão de Cristo e, também, ação dos seus discípulos, no último domingo, 20, na Solenidade de Cristo Rei do Universo, celebramos o dia dedicado aos leigos e às leigas, que são chamados, pelo batismo, a implantarem o Reinado de Deus no mundo por seu testemunho de vida, sendo fermento, sal e luz.

A Sagrada Escritura nos apresenta Davi ungido e reconhecido como rei por todas as tribos de Israel. Destaca-se na figura do Rei de Israel dois aspectos: primeiro: ser rei é apascentar, guiar, cuidar e zelar; segundo: o Senhor afirma que o povo é Seu, é de Deus, não de Davi. Portanto, o rei não é dono nem senhor do povo, mas apenas um servo do Senhor que tem a missão de conduzir o povo pelo caminho da Aliança com o Senhor.

São Paulo escrevendo aos Colossenses resume em três pontos a obra salvadora de Deus em Cristo: 1. Deus nos fez participar gratuitamente da herança que havia preparado para seu povo santo; 2. Ele nos tirou do domínio das trevas e nos recebeu no Reino de seu Filho; 3. Ele nos concedeu o perdão pela Cruz de Cristo.

Já no Evangelho temos Jesus pregado na cruz, sendo causa de zombaria de muitos. São Lucas escreve que, acima dele havia um letreiro: “Esse é o Rei dos judeus”. Ao lado de Jesus, encontra-se o bom ladrão que a tradição identifica como São Dimas. Ele está ali presenciando e testemunhando todos os acontecimentos. Na verdade, junto a Jesus estavam dois malfeitores, um se converte e se salva, pois soube aproveitar aquela oportunidade, a companhia de Jesus, o outro, não.

O mau ladrão estava junto de Jesus na cruz, no entanto, não soube aproveitar este momento. O bom ladrão, ao contrário, reconhece a sua inocência e faz uma alusão à sua realeza ao dirigir a Ele estas palavras: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado” (v. 42). Ele faz isto em um espírito de fé e obtém de Cristo uma resposta: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. (v. 43)

Queridos irmãos e irmãs, somente o bom ladrão atinge o mistério profundo de Jesus. Precisamente um bandido é o único que entende algo do que está acontecendo. Ele reprova a atitude do companheiro, e reconhece que Cristo foi condenado injustamente, para finalmente lhe suplicar com humildade: “Jesus, lembra-te de mim quando chegares em teu reino” (v. 42) E, Jesus que até então estava calado e não havia respondido aos que zombavam dele, abriu os lábios para falar ao bom ladrão: “Em verdade vos digo: hoje mesmo estarás comigo no paraíso” (v. 43). Assim foi ele o primeiro beneficiário da salvação trazida ao homem pela cruz de Cristo.

De fato, se o coração não arde de amor por Cristo e seu chamado, os pés não andam; caímos na inércia espiritual. Acabamos por não corresponder ao Amor. Essa não correspondência acaba por não gerar felicidade, pois só é feliz aquele que vive a sua vocação. Onde há muito apego não há atenção ao apelo de Cristo. É ele quem chama e envia os que Ele quer. Desde o nosso batismo temos de nos perceber escolhidos e enviados. Escolhidos por Cristo em seu amor e enviados para sermos bons operários da vinha, transformando realidades, levando a verdade do Evangelho, construindo pontes e atraindo mais corações para bem perto do Sagrado Coração.

Padre Raphael Costa dos Santos é vice-reitor do Seminário Diocesano Imaculada Conceição

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Comunicar o Reino de Deus!

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Bendito seja o nome do Senhor hoje e sempre, em todos os momentos e passos de nossas vidas

Comunicar o Reino é sempre estar primeiro em comunhão com o Senhor, o Deus da vida e do amor, beber de Sua graça e deixar-se iluminar por Ele que nos capacita para a missão. Este Seu Plano ultrapassa qualquer horizonte de ilusão, desequilíbrio e injustiça deste mundo. Ao contrário, é a semeadura da fraternidade, da justiça, da solidariedade e da paz nesta realidade terrestre, unindo todos os irmãos na verdade e na caridade.

Bendito seja o nome do Senhor hoje e sempre, em todos os momentos e passos de nossas vidas

Comunicar o Reino é sempre estar primeiro em comunhão com o Senhor, o Deus da vida e do amor, beber de Sua graça e deixar-se iluminar por Ele que nos capacita para a missão. Este Seu Plano ultrapassa qualquer horizonte de ilusão, desequilíbrio e injustiça deste mundo. Ao contrário, é a semeadura da fraternidade, da justiça, da solidariedade e da paz nesta realidade terrestre, unindo todos os irmãos na verdade e na caridade.

A comunicação pastoral sempre foi um valiosíssimo meio usado pela Igreja para estender a todos os povos, a todas as pessoas a Boa Nova de Jesus Cristo - a misericórdia redentora do Pai, no sacrifício da cruz do Filho, gesto maior de doação de amor para nos resgatar, elevar, curar, na salvação-libertação do pecado, da maldade e de todo egoísmo destruidor, no transbordamento de Sua fortaleza e sabedoria no Espírito Santo, na unção da Comunidade Eclesial.

Foi o que o Papa Francisco pediu na Plenária do Dicastério de Comunicação do Vaticano, no último dia 12: uma comunicação humana que transmita os valores cristãos, não puramente técnica. Que haja por detrás da competência técnica um coração humano que seja sensível ao retorno do que foi comunicado, a realidade do outro.

Neste sentido, o Pontífice celebrou no último domingo, 13, o Dia Mundial dos Pobres que ele mesmo instituiu para ressaltar a importância de se resgatar a dignidade destes irmãos, amando-os verdadeiramente, com gestos concretos, na luta pacífica pela justiça do Reino, incentivando várias iniciativas pelo mundo de solidariedade, amor fraterno e desenvolvimento de ações criativas para erradicar a pobreza e a miséria.

O próprio Papa tem realizado várias obras de caridade social no Vaticano, em Roma, como ambulatórios, assistência médica, de higiene, de acolhida em albergues, de formação profissional, de evangelização e promoção humana, além de todas as contribuições da Igreja com a Cáritas e outros órgãos ligados ao Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e outros organismos eclesiais, com fundos que apoiam e ajudam as necessidades de populações de vários países.

Muito significativo que este domingo do Cristo Pobre anteceda o domingo de Cristo Rei, que será celebrado neste dia 20, dimensionando que tipo de Reino Cristo veio instaurar: Reino de Amor fraterno, de humildade que serve o próximo, de justiça e paz. Não um reino humano de pompas ou luxo, de tronos e afirmação de superioridade, de privilégios e sofisticações, de soberba e vaidades. Este é o reino dos homens pecadores.

O Rei Jesus só teve e aceitou uma coroa, a de espinhos. Só teve um trono, a cruz sobre a qual libertou todos nós de nosso próprio egoísmo. Só teve um cetro, o seu cajado de Bom Pastor que percorreu todas as estradas e recantos da miséria humana para resgatar as ovelhas mais doentes e mais perdidas. Sua carruagem? Um jumentinho emprestado para entrar em Jerusalém, quando não andava a pé com os seus discípulos. Seu templo suntuoso e refinado? Uma sala de jantar também emprestada para celebrar com os apóstolos a Ceia Pascal, antes de abraçar a Paixão, quando se doou na Eucaristia, para nos alimentar espiritualmente, fortalecendo-nos como sua Igreja, mantendo sua presença entre nós para sempre. Sua corte capacitada e honrada? A multidão de Lázaros, coxos, cegos, paralíticos, doentes, marginalizados, prostituídos, pecadores públicos, perdidos, abandonados, profundamente amados por Ele, sem nenhum distanciamento ou formalidade. 

Portanto, celebrar o Cristo Rei é celebrar o Cristo Pobre, despojado de si mesmo, na espiritualidade da caridade, da humildade, da missão que Ele nos deu como Igreja de amar os irmãos do mesmo jeito: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 13,34). "São os doentes que precisam de médico" (Mc 2,17). "Não há maior amor do que dar a vida pelo irmão" (Jo 15,13).

"Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus" (Mt 5,3). Ou seja, a espiritualidade missionária da kénosis (esvaziamento de si) para servir e do ágape (amor gratuito, doação) para resgatar e elevar os irmãos, especialmente os mais necessitados. Vivamos esta bela e rica missão!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo

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Seja feita a tua vontade

segunda-feira, 07 de novembro de 2022

A dinâmica da revelação divina está ancorada na bondade e sabedoria de Deus que quis tornar conhecido à humanidade os planos de sua vontade. Em Cristo, Ele revela o mais profundo do seu querer: “que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,3-4). Contudo, nem sempre é fácil entender os caminhos que conduzirão à plena realização da vontade divina.

A dinâmica da revelação divina está ancorada na bondade e sabedoria de Deus que quis tornar conhecido à humanidade os planos de sua vontade. Em Cristo, Ele revela o mais profundo do seu querer: “que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,3-4). Contudo, nem sempre é fácil entender os caminhos que conduzirão à plena realização da vontade divina.

Jesus, ao ensinar a seus discípulos como rezar, inclui, entre as sete preces do ‘Pai nosso’, o desejo que a vontade do Pai se realize tanto no céu, quanto na terra. E aqui está a “revolução copernicana” do cristianismo, isto é, a mudança de direção na compreensão da eficácia da oração.

O ato de dirigir a Deus os nossos pedidos é fruto de uma confiança certa naquele que pode fazer o impossível. Ainda assim, essa certa confiança é, por vezes, provada na tribulação de não se ver o resultado de nosso pedido concretizado, levando-nos a crer que não fomos ouvidos.

O Papa Francisco ensina que “as provações da vida se transformam em ocasiões para crescer na fé e na caridade. O caminho diário, incluindo as dificuldades, adquire a perspectiva de uma ‘vocação’. A oração tem o poder de transformar em bem o que de outra forma seria uma condenação na vida; a oração tem o poder de abrir um grande horizonte para a mente e de alargar o coração” (Audiência geral, 04 nov. 2020).

A oração fiel e confiante não tem a intenção de mudar o coração de Deus à nossa mera vontade, mas o seu primeiro fruto é a transformação do coração que reza. O Pontífice ressalta que o “seja feita a vossa vontade” não é realizado no dobrar a cabeça servilmente, como se fôssemos escravos. Deus reserva e preserva ao homem a liberdade.

O “Pai Nosso”, de fato, é a oração dos filhos, não dos escravos; mas dos filhos que conhecem o coração do seu pai e estão certos do seu desígnio de amor. Ai de nós se, pronunciando essas palavras, levantássemos os ombros em sinal de rendição diante de um destino que não podemos mudar. Ao contrário, é uma oração cheia de confiança ardente em Deus, que quer para nós o bem, a vida, a salvação. Uma oração corajosa, também combativa, porque no mundo há tantas realidades que não são segundo o plano de Deus. Todos as conhecemos” (Audiência geral, 20 mar. 2019).

E continua: “O “Pai Nosso” é uma oração que acende em nós o mesmo amor de Jesus pela vontade do Pai, uma chama que leva a transformar o mundo com o amor. O cristão não acredita em um “fato” inelutável. Não há nada de aleatório na fé dos cristãos: há, em vez disso, uma salvação que espera manifestar-se na vida de cada homem e mulher e de realizar-se na eternidade. Se rezamos é porque acreditamos que Deus pode e quer transformar a realidade vencendo o mal com o bem. A este Deus tem sentido obedecer e abandonar-se também na hora da prova mais difícil (idem).

Assim, o ato de confiar a Deus os desejos de nossa alma é também um exercício de fé que nos conduz na certeza de que Ele nos dará, no tempo certo, o que é justo e necessário para que a vontade suprema de Deus se realize em nós!

Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação

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