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Entre palavra reduzidas, memes e emojis, cadê a Língua Portuguesa?

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

A Professora Eunice Nóbrega Portela, doutora em Educação pela Universidade de Brasília, apontou que alguns cientistas têm alertado para o fato de o QI médio da população mundial estar diminuindo desde 1990. Uma das hipóteses apresentadas é o empobrecimento da linguagem, que abrange a busca pela simplicidade das expressões escritas e orais, o abandono de palavras e de figuras de linguagem, como as metáforas, e o emprego reduzido dos tempos e modos verbais.

A Professora Eunice Nóbrega Portela, doutora em Educação pela Universidade de Brasília, apontou que alguns cientistas têm alertado para o fato de o QI médio da população mundial estar diminuindo desde 1990. Uma das hipóteses apresentadas é o empobrecimento da linguagem, que abrange a busca pela simplicidade das expressões escritas e orais, o abandono de palavras e de figuras de linguagem, como as metáforas, e o emprego reduzido dos tempos e modos verbais. Com o empobrecimento da fala, as expressões orais não se baseiam no entendimento dos fatos, mas em expressões mais fortes, como usadas na linguagem grosseira e rude, pela incapacidade de compreensão das circunstâncias e pela dificuldade de interpretação de mensagens. A linguagem empobrecida prejudica as capacidades perceptivas das relações de semelhança e diferença, que ficam centralizadas na pessoa que se expressa. Dessa forma, os níveis reflexivos ficam limitados e as circunstâncias tendem a se manter como estão, dado que os níveis de diálogo não abrangem níveis maiores de negociação. As expressões tendem a ser apaixonadas, subjetivas e imaginativas em detrimento do desenvolvimento dos raciocínios indutivo e dedutivo. Sim senhor, será que atualmente se considera que o domínio da língua materna seja uma dignidade? As comunicações verbal e escrita são capacidades que construímos ao longo da vida, começando pela convivência com o ambiente familiar e social e pelo aprendizado escolar. A cultura imediatista, o excesso de informação e o princípio da rapidez que rege o cotidiano trazem prejuízos ao nosso bem maior: a Língua Portuguesa. É certo que a comunicação é prioridade no quotidiano. Comunica-se de diversas formas; a virtual tem sido contundente e vem substituindo outros modos. A comunicação virtual escrita, para agilizar a troca de mensagens, utiliza-se das palavras mais comuns, inclusive, são reduzidas quando, comumente, suas vogais são retiradas. Os tempos verbais mais complexos, como o subjuntivo, as formas compostas do passado e do futuro estão cada vez menos usadas. As sensações de afeto, de alegria, de dúvida, de negação, dentre tantas outras expressões estão sendo substituídas por emojis, memes e símbolos. Além do que a pontuação tem sido suprimida. Quem usa o ponto e vírgula? Como o pensamento é estruturado através de palavras, os processos cognitivos também acabam sendo simplificados. A criança, desde cedo, aprende a pensar com limitações, dado que a exteriorização do conteúdo não é estimulada a dar amplitude aos processos perceptivos, descritivos e conclusivos. A língua explode através do falar e do escrever como uma porta-voz do pensamento. Pensando, somos capazes de compreender, criticar e, especialmente, construir os significados de tudo o que nos rodeia. Com a viralização dos memes, emojis e símbolos, principalmente entre as crianças e adolescentes, a manifestação de ideias, opiniões e expressões afetivas são substituídas por esses mecanismos, fazendo com que a Língua Portuguesa caia num processo de empobrecimento rápido e crescente. Nós, os brasileiros, habitamos na Língua Portuguesa, a casa que nos faz humanos e ser o que somos. Brasileiros, inclusive. Falando, lendo e ouvindo apreendemos o conhecimento, compartilhamos da cultura e o mundo se aproxima das nossas mãos. “Só a natureza é divina, e ela não é divina... Se falo dela como um ente É que para falar dela preciso usar da linguagem dos homens Que dá personalidade às cousas, E impõe nome às cousas.” Fernando Pessoa, Alberto Caieiro A fluência com a língua amplia nossas possibilidades para interagirmos nas situações. Não ficamos restritos a espaços, nem com problemas guardados nos bolsos. Até encontramos mais facilidade para aprender outras línguas. Além do mais, a nossa língua é romântica... É a língua de Camões, Guimarães Rosa, Monteiro Lobato e de tantos escritores, pessoas que souberam usá-la com genialidade e arte. Ultrapassaram o tempo. Se empobrecemos a modo como usamos a Língua Portuguesa por preguiça, comodidade, impaciência e desconhecimento desse patrimônio linguístico, a Língua continua inteira e viva, porém em desuso. Usá-la em sua plenitude é uma decisão pessoal. Não a usar também o é, entretanto é uma escolha em parcializar o contato com o mundo, diminuir as possibilidades de adquirir conhecimentos que vão engrandecer os modos de olhar e lidar com a vida. A leitura é um grande trunfo ao domínio da língua. Mas será que todos têm acesso ao livro? Os que têm, será que encontram o prazer de ler e ampliar suas possibilidades de interação com o mundo? Ler é uma decisão inteligente.
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O primor de ser amigo

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

“De um amigo ninguém se livra fácil. A amizade, além de contagiosa, é totalmente incurável.”

                                             Vinícius de Moraes

“De um amigo ninguém se livra fácil. A amizade, além de contagiosa, é totalmente incurável.”

                                             Vinícius de Moraes

Na semana passada fui ao aniversário de 80 anos de uma amiga, aquela pessoa de quem gosto escutar dizer meu nome e que tem um modo de ser unicamente especial que tanto me sensibiliza. Lá me encontrei com outras duas antigas amigas. Conversamos, rimos e tiramos fotos. Numa das fotografias nós quatro estávamos abraçadas, expressando o prazer de nos ter guardado vida afora. De repente, uma delas me disse: “não cobramos nada uma das outras, nós nos aceitamos do jeito que somos.” Eu concordei, quase num momento de Aleph, revendo tudo o que vivemos.

Trouxe esse encontro para minha coluna literária porque escrevo sobre aquele momento divino com alma, fazendo da literatura um louvor à amizade. Guardar um amigo é ter simplicidade e delicadeza com que cuidamos dele e de nós. Sim, de nós. Será que quem pouco ou não se ama consegue cultivar amigos? Aquele que os cultua sabe farejar estados de espírito e perceber o outro com plenitude num piscar de olhos. Nada é mais primoroso do que torná-lo importante em nossa vida. Da mesma forma fazê-lo nos gostar como uma pessoa amiga. 

Quando escrevi o livro infantil “Um Cão Cheio de Ideias” contei a história da amizade entre um cachorro com poucos meses de vida, Labareda, e Chama, um coelho-do-mato, que desafiava o filhote e o fazia de bobo todos os dias com sua agilidade e velocidade. Mas houve um incêndio na mata e Labareda o salvou. O coelho-do-mato ficou com a pata ferida e não pode mais correr. Os dois, então, reconstruíram a relação quando o cachorro, solidário, passou a fazer companhia ao coelho, e eles foram buscando outras formas de brincar. Ao escrever a história, fui percebendo os valores contidos no primor, enquanto cuidado, delicadeza e entendimento das limitações do outro.  Labareda não quis brincar com outro coelho, foi descobrindo, dia a dia, o prazer em estar ao lado de Chama debaixo das árvores, sentindo o cheiro da natureza e curtindo a presença do amigo.

Agora, mais uma vez, vejo que a amizade é alimentada pelas atitudes primorosas. Vinícius de Moraes, o eterno mestre do amor, soube construir uma ideia criativa e sutil para defini-la. Depois de mergulhar nas palavras dele, concluo que a amizade é uma afeição que pode ser considerada uma eficiente vitamina existencial; o amigo é um bom ouvinte, médico e parceiro, que não precisa estar diariamente ao nosso lado, basta sabermos que ele está vivendo no mesmo tempo que nós e que, a qualquer momento, podemos lhe dar um alô para saber como está e dizer como estamos. É um trunfo do destino ao nos oferecer uma pessoa de quem espontaneamente gostamos e nos acolhe com o calor do afeto, principalmente quando as lágrimas caem sobre nossos pés. Uma amizade, quando nasce, pulsa em nós como um coração.

No aniversário da dessa minha amiga Glória, tive a sensação da reciprocidade. Um sentimento que anda rareando por aí.  Não sei se posso afirmar isso com veemência, mas os sentimentos estão sendo tocados pelo imediatismo e sobrevoam nossos dias com a velocidade dos supersônicos.

Para terminar, deixo uma afirmação simples e verdadeira de Mário Quintana: “A amizade é um amor que nunca morre.”

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Olha a chuva!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Ora pois, não é que há sempre há motivos para escrever? Que podem nascer nas costas que coçam, no sono que não vem, até no bater do martelo que chega aos ouvidos sem harmonia. Hoje, por me aquietar em casa, por ontem tanto abrir o guarda-chuva, correr para não me molhar e me assustar, vou olhar para a natureza. 

Ora pois, não é que há sempre há motivos para escrever? Que podem nascer nas costas que coçam, no sono que não vem, até no bater do martelo que chega aos ouvidos sem harmonia. Hoje, por me aquietar em casa, por ontem tanto abrir o guarda-chuva, correr para não me molhar e me assustar, vou olhar para a natureza. 

Não repentinamente a vontade de escrever sobre as águas que vêm do alto cresceu em meus pensamentos, tão ávidos de sugestões. Para falar da chuva, que rega a terra e revigora a vida, vou buscar inspiração em Fernando Pessoa, o mestre da literatura, que bem fazia suas ideias escorrerem sobre o papel, através de palavras que nos tocam, tais quais os dias de chuva e de sol.

“Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol./ Ambos existem, cada um como é.” (Poemas Inconjuntos)

A chuva nunca nos pega desprevenidos, avisa com nuvens carregadas, com o barulho dos trovões que tocam como os tambores das orquestras e o brilho dos raios que rasgam os horizontes com energia.

“Cai chuva do céu cinzento/Que não tem razão de ser. /Até meu pensamento/ Tem chuva nele a escorrer.” (Cai Chuva do Céu Cinzento)

Intensa e forte, a água faz uma cortina na minha varanda. É incansável e ruidosa, como se quisesse falar da coragem que tem para sobreviver milhares de anos através de ciclos contínuos. A natureza é inteligente a ponto de fazer com que nos chega de chuva, depois de penetrar no solo, ressurja em nascentes, capaz de refletir, em agitados espelhos, o sol, a lua e a luz artificial. 

A chuva é divina, inspira a arte, o amor, o descanso. Em Friburgo, chove e chove; a vida fica mais lenta. Úmida. Chove devagar, molhando a rua com pingos irreverentes que descem pelo nariz e caem sobre os pés. Sem pedir licença, escorrem pelos sapatos e se misturam a tantos outros em poças de lama, que ficam quietos até evaporarem, subirem encantados para as nuvens. Aos poucos, vão caindo, retornando ao solo. Tudo na mais perfeita rotina, até o tempo envelhecer.

“Sofremos? Os versos pecam. / Mentimos? Os versos falham. / E tudo é chuvas que orvalham/ Folhas caídas que secam.” (Às Vezes Entre a Tormenta)

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A vida brasileira acontece; a arte vai junto!

segunda-feira, 09 de janeiro de 2023

Sim, Senhor!, a vida brasileira acontece, e a arte vai junto. Sempre. Sem limites e pudor. Com criatividade. É elaborada pela força das emoções e externa os sentimentos do artista, que, por sua vez, reflete as manifestações da brasilidade e as pulsões do povo. A literatura vai junto, atrás, ao lado ou entremeando o acontecer, usando palavras para criar histórias, informações, argumentações, registros e crônicas.

Sim, Senhor!, a vida brasileira acontece, e a arte vai junto. Sempre. Sem limites e pudor. Com criatividade. É elaborada pela força das emoções e externa os sentimentos do artista, que, por sua vez, reflete as manifestações da brasilidade e as pulsões do povo. A literatura vai junto, atrás, ao lado ou entremeando o acontecer, usando palavras para criar histórias, informações, argumentações, registros e crônicas.

A arte é inspirada em narrativas reais e imaginadas. Seria ousado arriscar, mas vou fazê-lo por ímpeto: toda a arte emerge da palavra pensada, falada e representada. Assim sendo, se observarmos de modo mais cuidadoso, as expressões artísticas, como a pintura, a fotografia e a escultura, saberemos que revelam histórias, que nascem no imaginário do artista, constituído por sensações e pensamentos, representados por imagens e palavras. 

Esta coluna é iluminada pela exposição “Histórias Brasileiras” realizada no MASP (Museu de Arte Moderna de São Paulo), de 26 de agosto a 30 de outubro. A exposição foi motivada pela comemoração do bicentenário da Independência do Brasil e dos centenários da Semana de Arte Moderna e da morte do escritor Lima Barreto. É um evento cultural que revisa a vida brasileira através de objetos, pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, vídeos, livros, jornais, revistas, documentos, bandeiras e mapas.

A História do Brasil é plural, fonte de inspiração abundante e inesgotável para a criação artística. Nada escapa da arte, que tem olhos atentos para os hábitos e costumes, para o cotidiano que abraça diferenças sociais, econômicas e culturais, para a vida urbana, interiorana e sertaneja. Para o esplendor da diversidade natural do Brasil. 

A pintura, a fotografia e a escultura retratam   a vida contextualizada na realidade concreta e totalmente diversificada nas dimensões temporal e espacial. Até mesmo as expressões artísticas abstratas contêm significados que emergem do acontecer de todo ou qualquer modo. Será que as cores e as formas usadas por pintores brasileiros são semelhantes à dos estrangeiros? 

Para o observador a contemplação de um quadro pode lhe aguçar a imaginação. O escritor que se senta à frente de uma fotografia de Sebastião Salgado, por exemplo, pode se deixar penetrar na imagem e lá, absorvido, é capaz de encontrar razões para construir textos em vários estilos literários. 

A arte, mesmo criada em tempos passados, apresenta ideias que podem ser interpretadas e compreendidas em qualquer tempo futuro. Tem atualidade. Na verdade, o tempo para a arte possui um conceito especial. 

Na reportagem apresentada pelo jornal “A Relíquia”, em setembro de 2022, observei que os visitantes da exposição “Histórias Brasileiras” caminhavam pelos corredores, admirando os quadros expostos e tendo a oportunidade de entrar em contato com visões diferentes do nosso povo e da nossa história. 

Será que havia algum escritor com um caderninho de anotações no bolso?

Diante do “Abaporu”, de Tarsila do Amaral, eu começaria um texto assim: Sob a guarda silenciosa do sol...

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2023 e o Aleph

segunda-feira, 02 de janeiro de 2023

Quando escrevi a coluna sobre os escritores cegos, na qual me referi ao escritor argentino Jorge Luis Borges (1899 – 1986), uma vontade inquieta de conhecer sua obra tomou conta de mim. Busquei o livro de contos, “O Aleph”, considerado uma das maiores obras literárias do Ocidente. Recorrendo a uma literatura fantástica, o livro, publicado em 1949, tem a grandiosidade e a complexidade literária esculpida por um gênio. Com uma cultura universal admirável, Borges está no rol dos autores mais importantes do século XX.

Quando escrevi a coluna sobre os escritores cegos, na qual me referi ao escritor argentino Jorge Luis Borges (1899 – 1986), uma vontade inquieta de conhecer sua obra tomou conta de mim. Busquei o livro de contos, “O Aleph”, considerado uma das maiores obras literárias do Ocidente. Recorrendo a uma literatura fantástica, o livro, publicado em 1949, tem a grandiosidade e a complexidade literária esculpida por um gênio. Com uma cultura universal admirável, Borges está no rol dos autores mais importantes do século XX.

Ele adentra no âmago dos personagens e dos fatos de modo a fazer com que o leitor perceba e sinta a história, cheia de peripécias, contrastes e embates, com plenitude. Com maestria, retrata o movimento dos fatos e dos personagens, motivando a reflexão sobre diferentes pontos de vista, na medida em que realça as incertezas, as incongruências, os embates, os ciclos da vida e da natureza em suas narrativas.

Para compreender os textos, tive que relê-los algumas vezes. Quando conseguia interpretá-los, eu me maravilhava, preenchia os hiatos da minha vida com as ideias expostas, mesmo que extravagantes, e abria outras fendas dado que suas ideias tinham o poder de enfraquecer algumas convicções. Cada frase me oferecia um campo aberto para a análise de questões importantes, que todos nós precisamos fazer para ter ciência das coisas. Quem é o herói? Quem é o traidor? Será o herói o maior traidor da história?

Diante de Borges, meu olhar é inocente, apequenado e infantil!

Em o conto “O Aleph”, o personagem tem o privilégio de se defrontar com o espaço cósmico, um lugar onde estão todos os lugares, vistos de todos os ângulos, através de um ponto de dois ou três centímetros, situado no 19º. degrau de uma escada, no porão de uma casa velha. O espaço, como a lâmina do espelho, mostrava infinitas coisas e que lhe permitia ver claramente todos os pontos do universo, como o mar, as multidões, a rua Soles com as mesmas lajotas de 30 anos atrás, um câncer no peito, cavalos, jardins-de-inverno, todas as formigas, cartas obscenas, as vísceras e o rosto do personagem. E muito mais. 

Naquele instante, clarividente e imaginário, quase louco, o personagem tomava conhecimento do mundo exterior e interior por inteiro. Um momento implacável que lhe permitiu o mais profundo encontro com a natureza de todas as coisas. Inclusive com a dele próprio.

Quem pode ver o Aleph?

Estará numa pedra? No teto? Na tampa de uma caneta?

Será um privilégio, uma aptidão ou uma vontade de encontrar o Aleph e adentrá-lo sem cerimônia. Só quem está vivo pode vivenciar tal momento sublime e de interação plena, de reconstrução da identidade individual, tornando-a integrada e integral, a parte mais e menos significativa de um todo maior. 

Em 2023, a pessoa, depois de se deparar com o Aleph, quem será e como viverá o ano?

“Quero acrescentar duas observações: uma, sobre a natureza do Aleph; outra sobre o nome dele. Como se sabe, essa é a primeira letra do alfabeto da língua sagrada. Sua aplicação ao centro da minha história não parece casual. Para a cabala, a letra significa o Em Soph, a iluminada e pura divindade; também se disse que tem a forma de um homem que aponta para o céu e para a terra, indicando que o mundo inferior é espelho e o mapa do superior; para Mengenlehre, é o símbolo dos números transfinitos, em que o todo não é maior do que uma das partes.” (Jorge Luis Borges)

 

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É tempo de finalizar o ano

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Aqui vou colocar meu afeto nas linhas desta coluna como forma de abraçar os leitores do jornal A Voz da Serra e todos aqueles que trabalham para produzi-lo. Há palavras que guardamos para expressar esse momento de finalização, de um tempo em que vivemos com intensidade. O ano de 2022 foi especial tanto quanto os que já vivemos, com desafios, conquistas, perdas e ganhos. A grande vitória desses dias finais é que podemos estar aqui para verbalizar nossos sentimentos e desejos.

Aqui vou colocar meu afeto nas linhas desta coluna como forma de abraçar os leitores do jornal A Voz da Serra e todos aqueles que trabalham para produzi-lo. Há palavras que guardamos para expressar esse momento de finalização, de um tempo em que vivemos com intensidade. O ano de 2022 foi especial tanto quanto os que já vivemos, com desafios, conquistas, perdas e ganhos. A grande vitória desses dias finais é que podemos estar aqui para verbalizar nossos sentimentos e desejos. Penso que a melhor vontade que agora posso ter é, apenas, querer estar no final de 2023, escrevendo uma mensagem para 2024 e reconhecendo que fiz o que me foi possível realizar. O grande trunfo que poderemos esperar dos dias que estão por vir são rotinas movimentadas, construídas com inteligência e vigor. 

Estamos nos trilhos da existência, que, através do sentir, pensar e fazer, vão nos transformando em pessoas melhores. Pelo menos é o que esperamos para nós, para quem nos rodeia e para os demais.

Somos resultantes das forças do universo, da divindade da vida e do desejo individual, enquanto seiva que corre em nossas veias, nas águas dos rios e oceanos, na terra que nos sustenta. É preciso prosseguir para viver o dia seguinte, admirar os nasceres e pores do sol. É preciso saber que vamos recomeçar todos os dias preparados para ler as entrelinhas dos fatos e saber como agir. 

Viver é desejar e realizar, enquanto dinâmica constante da força que nos energiza. É ter coragem para agradecer, dignidade para respeitar o que nos é diferente, amar o próximo sem pieguismos. É ter coragem para perdoar, inclusive e principalmente, a nós mesmos.

Que 2023 seja um tempo a ser vivido com criatividade e genuinidade.

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O poeta cancioneiro

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Na semana passada, nos momentos de solitude, passeando pelo YouTube, me deparei, sem querer, com a história de um rei, Roberto Carlos. Repentinamente, me vi cercada por recordações e pude matar só um pouco das saudades da minha adolescência, do tempo em que sonhar era o passaporte para o futuro. Revi tantos momentos em que as paixões dos primeiros amores tomaram conta de mim, das festas de vitrolas e discos de vinil, dos primeiros sapatos de salto alto, especialmente um de verniz preto e branco.

Na semana passada, nos momentos de solitude, passeando pelo YouTube, me deparei, sem querer, com a história de um rei, Roberto Carlos. Repentinamente, me vi cercada por recordações e pude matar só um pouco das saudades da minha adolescência, do tempo em que sonhar era o passaporte para o futuro. Revi tantos momentos em que as paixões dos primeiros amores tomaram conta de mim, das festas de vitrolas e discos de vinil, dos primeiros sapatos de salto alto, especialmente um de verniz preto e branco. Adentrei a noite e a madrugada impregnada de lembranças, amanheci flutuando sobre um tempo que gostei de viver.

“Para poder lhe explicar\Como é grande meu amor por você\Nem mesmo o céu e as estrelas\Nem mesmo o mar e o infinito\Nada é maior que o meu amor\Nem mais bonito” (Como é Grande o Meu amor Por Você, Roberto Carlos, 1967) 

Certamente a parceira com o Tremendão, Erasmo Carlos, me enterneceu pela empatia que sentiam um pelo outro, através da relação feita pela sintonia poética e musical que construíram a partir de uma história de amizade, inspiração e musicalidade. A poesia permeou a criatividade com que compuseram tantas músicas que se tornaram populares e marcaram época.  

“Você meu amigo de fé, meu irmão camarada\Amigo de tantos caminhos e tantas jornadas\Cabeça de homem mas o coração de menino\Aquele que está ao meu lado em qualquer caminhada” (Amigo, Roberto Carlos e Erasmo Carlos,1977)

Ao assistir a biografia Roberto Carlos em vários vídeos, constatei que ele vê a vida, desde criança, com os olhos sensíveis de um artista capaz de transpor as emoções para letras e acordes musicais. Os caminhos desse poeta cancioneiro, a maioria em parceira com Erasmo Carlos, contam histórias românticas, cheias de afeto e sensibilidade para falar dos mais fatos simples da rotina. Mas quem já não experimentou sentimentos amorosos, que contagiaram os pensamentos diários, expressos em tudo o que fez?  

“Detalhes tão pequenos de nós dois\ São coisas muito grandes pra esquecer\ E a toda hora vão estar presentes\Você vai ver ”(Detalhes, Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1971)

A vida trouxe grandes desafios para o nosso “Rei”, mas sua trajetória existencial nos mostra entusiasmo e determinação para fazer seu destino prosseguir de forma digna, produtiva e bela. 

“Cubra-me com seu manto de amor\Guarda-me na paz desse olhar\cura-me as feridas e a dor me faz suportar\Que as pedras do meu caminho\Meus pés suportem pisar\mesmo ferido de espinhos me ajude a passar” (Senhora, Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1993).

Ele contou sua vida através das letras das músicas que compôs, de modo que seus pais, amores, filhos e amigos, bem como situações vividas foram evidenciadas de modo emocionante. Inclusive sua religiosidade foi retratada com devoção. Ele precisou ir além da experiência, pois, enquanto poeta, apenas o viver não lhe bastou; seu modo de sentir é vasto e forte, capaz de extrapolar os limites sensoriais, racionais e corporais.  Para nossa sorte, Roberto não guardou para si os ruídos da alma, mostrou-nos como a plenitude do afeto é infinita, e, assim sendo, foi-lhe insuportável silenciar. 

Por falar nele, vamos tomar sorvete!

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Histórias de família

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Basta-me um pequeno gesto

Feito de longe e de leve,

Para que venhas comigo

E eu para sempre te leve.

                                                                           Cecília Meireles

Basta-me um pequeno gesto

Feito de longe e de leve,

Para que venhas comigo

E eu para sempre te leve.

                                                                           Cecília Meireles

Fiz questão de colocar um vestido bonito para me reunir com minha família. Foi um almoço cheio de lembranças e conversas. Estávamos minha mãe, minha irmã, minha prima e uma amiga, filha de amigos dos meus avós e tios. Elos afetivos nos faziam pinçar pedaços de afetos que ficaram no tempo, nunca esquecidos. Aquele momento poderia ser uma inspiração a um romance que seria iniciado no final do século XIX com a chegada de Augusto Pinto Reis no Brasil. 

Tantas histórias atravessam séculos, como o romance “O Tempo e o Vento”, de Érico Veríssimo. Aliás, as trajetórias familiares são essencialmente históricas, cujos personagens, digamos assim, protagonizaram transformações na vida coletiva, a partir dos seus sonhos, necessidades e realizações. As famílias habitam nas dimensões temporal e geográfica, que vão sendo transformadas pelo homem com o passar dos anos. 

Não é de hoje que os refugiados deixam marcas na história das civilizações. Acredito que a maioria das pessoas da minha geração é descendente dos milhares que saíram dos seus países de origem e veio para o Brasil por temor, perseguição ou vontade de buscar um lugar melhor para construir a vida. Graciliano Ramos retratou esse fato com veracidade e contundência em “Vidas Secas”. 

Minha família materna começou com a fuga do meu bisavô, ainda menino, de Braga, norte de Portugal. Ele se fez nas terras brasileiras com suor e disposição, começando como varredor de ruas, lojas e casas. Com trabalho, persistência e esperança construiu um curtume, casou-se, fez família, teve filhos, netos e bisnetos. Teve uma casa fértil e movimentada. Sou da terceira geração e participo da transformação do mundo escrevendo. Minha avó Carmem era professora de canto e ensinou vários artistas, como Bibi Ferreira. Minha madrinha, Mandinha, irmã da vovó, cuidou da família com esmero e casou-se com um construtor que colaborou com a transformação da cidade do Rio de Janeiro. Meu tio-avô Sílvio, também engenheiro, foi um calculista respeitado da época. Minha mãe, Lia, foi bibliotecária e arquivista e esteve à frente da construção do Arquivo Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, além de ter trabalhado anos e anos como bibliotecária. Minha irmã, Lygia, é uma advogada atuante. Minha prima, Beth, e a amiga, Tota, também advogadas, porém não advogam mais. Cada um de nós se entrelaçou com a vida de um modo e deu continuidade ao que Augusto Pinto Reis iniciou.

Sou entre flor e nuvem,

estrela e mar. Por que

havemos de ser unicamente humanos, limitados em chorar?

Não encontro caminhos fáceis

de andar. Meu rosto vário

desorienta as firmes pedras

que não sabem de água e de ar.

                                                   Cecília Meireles

Durante o almoço, as histórias da família iam e voltavam, passeavam entre as conversas que visitaram os momentos, as pessoas e as casas que abrigaram a família, onde, todas nós, de alguma forma moramos ou frequentamos. Nossa família foi e é afetuosa e entre seus braços fomos e somos acolhidos. Passamos por momentos difíceis e perdas, houve desacordos e desentendimentos, mas nos foi ensinado a não perder o brilho nos olhos.

A nossa família não se difere, acredito, de milhares de outras. São essas histórias que construíram o Brasil, as Américas e o mundo. Tenho orgulho dos meus antepassados, não somente pelo que fizeram, mas pelo amor e determinação que nos mostraram o valor de dar prosseguimento à vida. 

Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.

                                                              Cecília Meireles

 

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A literatura científica

segunda-feira, 05 de dezembro de 2022

Ao elaborar minha dissertação de Mestrado na PUC-RJ, “A 4ª. e a 5ª. séries do primeiro grau: uma passagem refletida pelos diretores de escolas”, minha orientadora, Menga Ludke, me devolvia o que escrevia com correções incontáveis, que me sugeriam reescrever o texto com mais clareza, objetividade e veracidade. Foram muitas revisões. A cada argumentação que eu apresentava tinha de fundamentá-la com estudos já realizados por autores considerados no meio acadêmico.

Ao elaborar minha dissertação de Mestrado na PUC-RJ, “A 4ª. e a 5ª. séries do primeiro grau: uma passagem refletida pelos diretores de escolas”, minha orientadora, Menga Ludke, me devolvia o que escrevia com correções incontáveis, que me sugeriam reescrever o texto com mais clareza, objetividade e veracidade. Foram muitas revisões. A cada argumentação que eu apresentava tinha de fundamentá-la com estudos já realizados por autores considerados no meio acadêmico. Pesquisei sobre as relações de poder na escola junto aos diretores de escolas públicas e particulares através de entrevistas, utilizando o Survey, técnica de coleta de dados. Busquei leituras em textos atuais e passados, estudei a formação do povo brasileiro e a história da educação desde o período jesuítico. Dentre outras fontes teóricas, pesquisei a Constituição atual e as passadas. Escrevi minha dissertação na biblioteca, mergulhada em livros e cercada de correções durante dois anos de trabalho exaustivo, depois de cumprir vinte e quatro créditos em aulas teóricas, não podendo tirar nota abaixo de oito, pois tinha bolsa de estudos. Enfim, apresentei a dissertação em 1989 para uma banca formada pela minha orientadora e dois professores. Fui aprovada por unanimidade. Mas ainda tive que fazer melhorias no texto para que fosse publicada. 

Foi naquele período que comecei a aprender a escrever. As correções da minha orientadora, apesar de me incomodarem e causarem desânimo, me fizeram entender que escrever não é uma tarefa fácil. É desafiadora porque ao mesmo tempo em que se quer dizer algo, é preciso escrever para que outra pessoa possa entender o conteúdo, sentir respeito pelo trabalho e vontade de continuar lendo. Aprendi que não se produz um texto para si. Escreve-se para sensibilizar pessoas que não se conhece e colaborar para a melhoria da vida.

Nesta dissertação tive a primeira experiência com o fazer literário, cuidando da elaboração da narrativa e do emprego das palavras, e aprendendo a realizar pesquisas em fontes fidedignas para não apresentar falsas afirmações. E, acima de tudo, busquei a delicada arte de transpor minhas ideias para o papel.

A literatura científica é composta por textos que têm a finalidade de apresentar informações objetivas sobre pesquisas em várias áreas da produção do conhecimento. É uma literatura que é necessariamente publicada em livros e revistas especializadas, sendo disponibilizada aos professores, alunos e profissionais que buscam informações formais baseadas na pesquisa científica.  É uma produção textual que avança sobre a literatura já existente na medida em que acrescenta conhecimentos aos estudos já realizados, permitindo a evolução do saber nas áreas humanas, ecológicas, geográficas, tecnológicas, exatas, astronômicas, médicas, dentre outras.

São textos fundamentados em bases na experiência, através da coleta de dados criteriosa e fontes bibliográficas produzidas em diferentes lugares e épocas do planeta. Atualmente os sites da internet oferecem aos pesquisadores mananciais de informações, porém nem todos merecem confiabilidade; é preciso investigar a veracidade dos conteúdos.

Quando se fala em literatura, pensa-se em poesias, contos, romances, crônicas, até em narrativas jornalísticas. Mas, confesso, que nunca ouvi referências a respeito do valor da literatura científica no meio literário em que frequento. É uma literatura que sustenta o avanço das ciências, o trabalho minucioso dos cientistas, produtores do saber consistente, objetivo e fundamentado.  

E, por que fica tão esquecida nos meios literários?

Será que o conhecimento empírico se sobrepõe ao científico?

Até que ponto os sentimento, as divagações, os sonhos se tornam mais relevantes do que o saber construído em bases formais?

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Até os dedos dos pés têm seus conflitos

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Ao avaliar os textos que Nívea Maria Dutra Pacheco enviou à Academia Friburguense de Letras no intuito de tornar-se acadêmica, eu me deparei com uma questão que faz parte do quotidiano, o conflito. Em seu artigo “Mediação de Conflitos, Um Novo Paradigma, in Direito”, publicado na coletânea, “Cidadania e Processo”, editado em 2015 pela Editar, comecei a refletir sobre o assunto, especialmente do modo como lidamos com ele na vida diária.

Ao avaliar os textos que Nívea Maria Dutra Pacheco enviou à Academia Friburguense de Letras no intuito de tornar-se acadêmica, eu me deparei com uma questão que faz parte do quotidiano, o conflito. Em seu artigo “Mediação de Conflitos, Um Novo Paradigma, in Direito”, publicado na coletânea, “Cidadania e Processo”, editado em 2015 pela Editar, comecei a refletir sobre o assunto, especialmente do modo como lidamos com ele na vida diária. Como sou formada em pedagogia e minha visão de mundo tende ao pensamento explicativo e conceitual da filosofia, vi nesse artigo uma praticidade com a qual não estou habituada a refletir. O conflito tem de ser resolvido!

Cá para nós, estamos cercados de visões diferentes, como a religiosa, a psicológica, a social, a geográfica. Cada campo aborda o conflito de um modo particular. Por sua vez, a literatura abraça todas. E, nós, meros viventes mortais, estamos enrolados com conflitos diversos. Inclusive, até os dedos dos pés, volta e meia, são prejudicados por estarem em desarmonia com sapatos, pisos e pés de móveis. Pobre mindinho!

Os conflitos podem ser compreendidos a partir de formas distintas de interpretar os interesses divergentes, a legitimidade dos modos de pensar e agir. As disputas de posse não tomam conta dos quartos em que duas crianças ou mais compartilham? Enfim. O conflito é necessário e faz parte da nossa vida. Emerge da adversidade e implica no prejuízo de uma ou mais partes envolvidas. Faz parte do processo dinâmico da interação humana, isto é, entre indivíduos, grupos, organizações e coletividade. 

O desenvolvimento, seja individual, coletivo, institucional ou familiar, está relacionado aos modos como as questões adversas são negociadas, e a ideia de cooperação ganha importância suprema. Até nos nossos conflitos pessoais podemos contribuir ou não para que sejam resolvidos. Ah, como tem gente que emperra e dificulta as situações! Nas circunstâncias mais simples, como situações relacionadas à vizinhança. Os conflitos exigem atenção e tratamento objetivo. A vida é rápida demais para que fiquemos tropeçando na mesma pedra.

Todas as pessoas envolvidas nos conflitos têm responsabilidade diante do problema. Ninguém é ingênuo e vítima, não há vencedores e perdedores. Todos coexistem na situação problemática que necessita de uma solução inteligente e eficiente entre as partes. O diálogo e o acordo são vantajosos para os implicados. 

O artigo da Nívea assinala que vivemos numa cultura que alimenta o litígio, que estende as situações pendentes e não resolvidas. E não é verdade que existe uma dificuldade imensa na praticidade das soluções? Entretanto, a ética, os princípios que orientam o comportamento humano e refletem as normas, os valores e os direitos do cidadão, não podem estar ausentes das formas como as soluções dos conflitos serão buscadas e definidas. 

  Para finalizar, deixo uma frase de Daisaku Ikeda, 1928, mestre budista: “Obviamente, desde que somos seres humanos, eternamente existirão algumas espécies de conflitos, rivalidades ou mesmo divergência de opiniões. Entretanto, terminantemente, jamais haverá necessidade de nutrirem-se de ódio ou mesmo matarem-se uns aos outros.”

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