Pesquisa do IBGE revela desigualdade regional

Analfabetismo entre negros é o dobro de brancos, e mais da metade dos analfabetos do país está na Região Nordeste
segunda-feira, 25 de março de 2024
por Jornal A Voz da Serra
Pesquisa do IBGE revela desigualdade regional

O analfabetismo afeta o dobro de negros do que de brancos no Brasil, percentualmente. Os dados divulgados nesta sexta-feira, 22, pelo IBGE na Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios) Contínua 2023, mostram a desigualdade regional. Mais da metade dos analfabetos do país está no Nordeste.

Apesar de registrar queda, o analfabetismo ainda atinge 9,3 milhões de pessoas. A taxa nacional diminuiu levemente, de 5,6%, em 2022, para 5,4%, em 2023. Ela se refere a pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler ou escrever um simples bilhete.

Sobre a taxa de analfabetismo entre negros ser mais que o dobro da registrada entre brancos, de acordo com o IBGE o problema afeta 7,1% dos negros (pretos e pardos) e 3,2% dos brancos. Mas a queda no analfabetismo entre negros é mais acelerada. Apesar de a taxa ainda ser bem mais alta, ela caiu 2 pontos percentuais desde 2016 (9,1%). Entre brancos, a queda foi de 0,6 ponto percentual.

Mais da metade dos brasileiros analfabetos (54,7%) está na região Nordeste, o que representa 5,1 milhões de pessoas. A região registrou queda na taxa em relação à pesquisa anterior (11,7%). Veja as taxas de analfabetismo por região: Nordeste: 11,2%; Norte: 6,4%; Centro-Oeste: 3,7%; Sudeste: 2,9%; Sul: 2,8%; Brasil: 5,4%. No total, o Brasil reduziu o número de analfabetos em 232 mil entre 2022 e 2023.

Entre os mais velhos

O analfabetismo no Brasil está diretamente associado à idade, diz o IBGE. Quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos. A taxa é de 15,4% na população acima de 60 anos, quase três vezes a taxa média total. No recorte por raça, 22,7% dos negros nessa faixa etária não sabem ler ou escrever, contra 8,6% dos brancos.

“Esses resultados indicam que as gerações mais novas estão tendo maior acesso à educação e sendo alfabetizadas ainda enquanto crianças. Por outro lado, os analfabetos continuam concentrados entre os mais velhos”. 

Só há mais mulheres analfabetas entre os idosos. A taxa de analfabetismo entre os homens é de 5,7%, contra 5,2% das mulheres. Mas a tendência se inverte na faixa etária acima de 60 anos: 15,5% das mulheres não sabem ler nem escrever, contra 15,4% dos homens.

O Brasil cumpriu a meta de redução do analfabetismo com um ano de atraso. O PNE (Plano Nacional de Educação) previa que o país reduzisse a taxa a no máximo 6,5% até 2016, o que aconteceu no ano seguinte. A região Norte, porém cumpriu a meta só em 2022, e o Nordeste ainda está longe de atingi-la.

Enquanto o PNE prevê erradicar analfabetismo até o fim deste ano, Sergio Leite, professor titular aposentado no Departamento de Psicologia Educacional da Unicamp, discorda: 

“Não vamos conseguir [bater a meta] por uma razão simples: o analfabetismo está concentrado nas faixas etárias mais velhas, o que mostra que é fundamental uma política pública de ensino para jovens e adultos. Aí está um nó, e temos evoluído pouco nesta faixa etária. Dificilmente vamos atingir a erradicação proposta tão cedo”, argumenta o professor. 

Para Claudia Costin, presidente do Instituto Todos Pela Educação, dependemos do desejo e da disponibilidade do adulto de aprender. “Campanhas não são suficientes, tem que ter uma estrutura de educação de jovens e adultos, seja formal ou informal, que atue de maneira competente. Não podemos deixar ninguém para trás, mas temos o desafio de convencer aqueles que estão exaustos por causa da jornada de trabalho, ou morando em lugares remotos, ou em múltiplas formas de vulnerabilidade, que não tiveram o desejo ou a oportunidade de aprender.”

(Fonte: https://educacao.uol.com.br)

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