Uma em dez famílias enfrenta insegurança alimentar, diz o IBGE

Pesquisa revela que mais de 30 milhões de brasileiros ainda convivem com esse problema
sexta-feira, 26 de abril de 2024
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Divulgação/IEA)
(Foto: Divulgação/IEA)

A insegurança alimentar moderada ou grave atingiu no último trimestre de 2023 pelo menos 7,4 milhões de famílias brasileiras (ou 9,4% do total). A constatação é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quinta-feira, 25.Segundo o IBGE, esse enorme contingente de famílias que convivem com a redução na quantidade de alimentos consumidos ou com a ruptura em seus padrões de alimentação reúne um universo de aproximadamente 20,6 milhões de pessoas.

A metodologia da pesquisa envolve um questionário sobre a situação alimentar do domicílio nos 90 dias que antecederam a entrevista. “não falamos de pessoas [individualmente], falamos de pessoas que vivem em domicílios que têm um grau de segurança ou insegurança alimentar”, destaca o pesquisador do IBGE, André Martins.

O domicílio é, então, classificado em quatro níveis, segundo a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. O grau segurança alimentar demonstra que aquela família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente.

De acordo com o IBGE, 56,7 milhões de famílias brasileiras (que reúnem 152 milhões de pessoas) encontram-se nessa situação. O grau insegurança alimentar leve afeta 14,3 milhões de famílias (43,6 milhões de pessoas) e significa que há preocupação ou incerteza em relação aos alimentos no futuro, além do consumo de comida com qualidade inadequada de forma a não comprometer a quantidade de alimentos.

Já a insegurança alimentar moderada atinge 4,2 milhões de famílias (11,9 milhões de pessoas) e demonstra redução quantitativa de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre os adultos.

Por fim, a situação mais severa é a insegurança alimentar grave, que representa uma redução quantitativa de comida e ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores, incluindo as crianças. São 3,2 milhões de famílias, ou 8,7 milhões de pessoas, que se encontram nesse cenário

Orçamentos familiares

Na comparação com o último levantamento sobre segurança alimentar, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizada em 2017 e 2018, no entanto, houve uma melhora na situação. O percentual de domicílios em situação de segurança alimentar subiu de 63,3% em 2017/2018 para 72,4% em 2023. Já aqueles que apresentavam insegurança alimentar moderada ou grave recuaram de 12,7% para 9,4%. A insegurança alimentar leve também caiu, de 24% para 18,2%.

“Observamos o investimento em programas sociais e de alimentação, principalmente os de transferência de renda. Isso reflete diretamente na escala de insegurança alimentar, que responde bem a esse tipo de intervenção. A recuperação da renda, do trabalho também se reflete na segurança alimentar”, destaca Martins. Outro indicador que provoca melhora da situação é a redução dos preços dos alimentos. Em 2023, por exemplo, os produtos alimentícios para consumo no domicílio tiveram queda de preços de 0,52%.

O pesquisador do IBGE Leonardo de Oliveira ressalta, no entanto, que não é possível atribuir apenas ao ano de 2023 o avanço ocorrido, uma vez que se passaram cinco anos entre a POF 2017/2018 e a Pnad Contínua do quarto trimestre de 2023. E não houve nenhuma pesquisa do IBGE sobre segurança alimentar entre essas duas.

“É importante ter em mente que esse movimento não são melhorias de um único ano. O resultado aqui é consequência de todos os movimentos da renda e movimentos de preço que aconteceram entre esses dois períodos”, destaca Oliveira. “Esse resultado não é apenas do que aconteceu no último ano, embora coisas que tenham acontecido nesse último ano são importantes”, completa.

A situação de segurança alimentar, no entanto, ainda é inferior àquela observada em 2013, quando o assunto foi abordado pela Pnad. Naquele ano, a segurança alimentar era garantida a 77,4% dos lares, enquanto a insegurança alimentar leve atingia 14,8% dos domicílios, a insegurança moderada, 4,6% e a insegurança grave, 3,2%.

Níveis de insegurança alimentar  

  • Segurança alimentar: Quando a família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. 
  • Insegurança leve: Preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro, consumo de alimentos de qualidade inadequada como estratégia para não comprometer a quantidade de alimentos. 
  • Insegurança moderada: Redução da quantidade ou ruptura dos padrões de alimentação entre os adultos por causa da falta de alimentos. 
  • Insegurança grave: Redução da quantidade ou ruptura dos padrões de alimentação também entre as crianças como resultado da falta de alimentos. A fome passa a ser uma realidade na família.

(Agência Brasil) 

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