Inca estima mais de 700 mil casos de câncer por ano no Brasil até 2025

Mama, em mulheres, e próstata, em homens, continuam sendo os tipos da doença com maior incidência no país
sexta-feira, 03 de fevereiro de 2023
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Mais de 700 mil novos casos de câncer são aguardados no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência. As informações são da publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, lançada em novembro de 2022, na sede do Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio de Janeiro.

A Estimativa 2023 é a principal ferramenta de planejamento e gestão na área oncológica no Brasil, fornecendo informações fundamentais para a definição de políticas públicas. Ao todo foram estimadas as ocorrências para 21 tipos de câncer mais incidentes no país, dois a mais do que na publicação anterior, com a inclusão dos de pâncreas e de fígado. Esses cânceres foram incluídos por serem problema de saúde pública em regiões brasileiras e também com base nas estimativas mundiais. 

O câncer de fígado aparece entre os dez mais incidentes na região Norte, estando relacionado a infecções hepáticas e doenças hepáticas crônicas. O câncer de pâncreas está entre os dez mais incidentes na região Sul, sendo seus principais fatores de risco a obesidade e o tabagismo.

Em homens, o câncer de próstata é predominante em todas as regiões, totalizando 72 mil casos novos estimados a cada ano do próximo triênio, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Nas regiões de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), os tumores malignos de cólon e reto ocupam a segunda ou a terceira posição, sendo que, nas de menor IDH, o câncer de estômago é o segundo ou o terceiro mais frequente entre a população masculina.

Já nas mulheres, o câncer de mama é o mais incidente (depois do de pele não melanoma), com 74 mil casos novos previstos por ano até 2025. Nas regiões mais desenvolvidas, em seguida vem o câncer colorretal, mas, nas de menor IDH, o câncer do colo do útero ocupa essa posição.

Incidência por região sem o câncer de pele

Do total dos 704 mil novos casos de câncer a cada ano no país entre 2023-25, a previsão é a seguinte:  câncer de mama em mulheres no Sul, 71,44/100 mil; no Sudeste, 84,46/100 mil; de próstata - Sul, 57,23/100 mil; Sudeste, 77,89/100 mil; e o de cólon e reto - Sul, 26,46/100 mil; Sudeste, 28,75/100 mil). Estes são os três tipos mais incidentes nessas duas regiões.

Já nas regiões Norte e Nordeste, o câncer de próstata (Norte: 28,40/100 mil; Nordeste: 73,28/100 mil) é o mais incidente, seguido do câncer de mama feminino (Norte: 24,99/100 mil; Nordeste: 52,20/100 mil) e câncer do colo do útero (Norte: 20,48/100 mil; Nordeste: 17,59/100 mil).

Na região Centro-oeste, o câncer de próstata, com risco estimado de 61,60/100 mil, representa o tipo da doença que mais incide sobre a população, seguido do de mama feminino (57,28/100 mil) e do câncer colorretal (17,08/100 mil).

Estratégias

A coordenadora de Prevenção e Vigilância (Conprev) do Inca, Liz Maria de Almeida, disse que a entrega da Estimativa à sociedade é momento também para se pensar estratégias mais amplas de combate ao câncer. “Hoje, por exemplo, quando a gente diz ‘olha, nós temos que combater o sendentarismo’, precisamos avaliar se as pessoas têm locais em sua região para caminhar, para andar de bicleta ou para fazer qualquer outro tipo de exercício; se a gente está falando do combater a obesidade, tem que ver como estamos discutindo com as populações locais os padrões de alimentação”, exemplificou a coordenadora.

Por isso mesmo, para Marianna Cancela, chefe da Divisão de Vigilância e Análise de Situação da Conprev, “o primeiro passo para combater a doença é conhecê-la: saber onde, quando, como e quem ela acomete para que as ações de controle possam ser planejadas”.

Inês Gadelha, secretária adjunta da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (Saes) do Ministério da Saúde, fez um histórico do passo a passo que levou a produção da estimativa ao longo dos anos, ressaltando a importância dos registros de base populacional. (Fonte: https://www.gov.br/inca/pt-br)

Tumores de pele 

Os perigos do contato com os raios UV sem proteção solar

O câncer de pele representa mais de 30% dos diagnósticos de tumores no mundo esperados para os próximos três anos. A exposição solar é uma das ações que mais pode prejudicar a longo prazo, de acordo com o radio-oncologista Daniel Przybysz, do Centro Regional de Radioterapia, de Petrópolis. “Essa doença vem de anos em contato com os raios UV sem proteção solar. Por isso aconselhamos que se evite a exposição em horários de pico do sol, usar filtro para se proteger das radiações, além de acessórios como óculos de sol e camisas com fator de proteção adequados, o que diminui esses impactos”, alerta.

Em pacientes com idade superior a 40 anos, é importante dar atenção a alguns sinais que podem surgir e precisam de investigação. Lesões com sangramento ininterrupto, espinhas que não secam ou pintas escuras ou muito claras que contenham características anormais, merecem a atenção de um médico dermatologista. Um exame mais cuidadoso em áreas do corpo onde não se costuma reparar com tanta frequência também é importante.

“Regiões como a parte inferior das pernas, nádegas, costas e couro cabeludo, são locais onde os tumores mais agridem. E por estar numa região que não costumamos observar todos os dias, quando uma pessoa se dá conta, a doença já pode estar em um estágio mais avançado. O acompanhamento profissional leva ao diagnóstico de forma precoce, com uma taxa de cura muito mais alta”, ressalta o médico.

Dividido em tumores que podem ser menos ou mais agressivos, que podem levar à morte, classificados como melanoma, o tratamento é diverso e inclui desde cirurgias com pequenas incisões feitas em consultório até a radioterapia e outras soluções. “Vale ressaltar que o diagnóstico de um dermatologista é o primeiro passo: ele retira a lesão, examina no microscópio e identifica o tipo de doença. Esse procedimento pode ser suficiente para iniciar o tratamento, mas se houver outras consequências da doença, acompanhamos e entramos com outras soluções, de acordo com cada caso”, explica Daniel.

Atualmente são muito comuns casos de câncer de pele acompanhados no Centro de Radioterapia que atende a toda a região serrana, sul e metropolitana do Rio. O maior número é de pacientes que viveram o auge das últimas décadas e descuidaram de uma rotina de cuidados.

“Esse é um dos tipos de tumor mais comuns, principalmente na geração dos anos 70 e 80, que não se preocupava com os impactos do sol. Atendemos muitos pacientes que saíram dos grandes centros para aproveitar a vida mais tranquila na Serra, mas que se descuidaram quando jovens na capital. Isso pode estar associado à incidência nesse público que frequentou ambientes de grande exposição ao sol de forma incorreta”, finaliza o especialista.

Câncer de pênis

Em 2022, foram registrados 1.933 casos da doença e 459 amputações no país

O câncer de pênis é um tumor raro, com maior incidência em homens a partir dos 50 anos. No Brasil, esse tipo de tumor representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste, de acordo com o Inca. Em cerca de 25% dos casos de câncer de pênis no Brasil, o órgão precisa ser amputado. Em 2022, o país registrou 1.933 casos da doença e 459 amputações. Em 2020, 463 homens morreram devido ao tumor. As informações são de um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a partir de dados do Ministério da Saúde, que concluiu que o Brasil é um dos países com maior incidência dessa doença no mundo.

Para o presidente da SBU, Alfredo Canalini, os números são uma “vergonha” para o país, porque trata-se de uma doença de fácil prevenção, bastando adotar medidas relativamewnte simples e básicas. A entidade vai realizar durante todo o mês de fevereiro, uma campanha de prevenção e combate ao câncer de pênis. Segundo Canalini, a doença é provocada principalmente pela higiene inadequada e a infecção pelo vírus do HPV pode ser evitada com a vacina disponível gratuitamente no SUS para meninos de 9 a 14 anos. O vírus é o mesmo que causa os cânceres de colo de útero e de reto. 

“As pessoas precisam saber e se informar de que há vacinas para essas doenças e que elas podem e devem ser prevenidas. Os meninos que se imunizarem, além de não se contaminarem, impedem de se transformarem em vetores de transmissão para outras pessoas”, explicou o urologista. De 2007 a 2022, foram realizadas 7.790 amputações de pênis pelo SUS, o que equivale a uma média de 486 procedimentos por ano. Os indicadores revelados pela SBU reúnem dados de janeiro a novembro de 2022, o que indica que o número pode ser maior, visto que os dados continuam em constante atualização.

De acordo com o Inca, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar o crescimento desse tipo de câncer e a posterior amputação total do membro, que traz consequências físicas, sexuais e psicológicas ao homem. Por isso, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de cura e menos traumático é o tratamento.

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