A campanha “Não dê carona ao assédio” foi lançada na última quinta-feira, 29 de junho, selando a parceria entre o Departamento de Transportes Rodoviários (Detro) e as secretarias estaduais de Transporte e Mobilidade Urbana (Setram) e da Mulher contra a importunação sexual no transporte coletivo intermunicipal. A iniciativa amplia os canais de denúncias e as ações de conscientização da população para o combate ao assédio nos ônibus, vans, trens, metrôs e barcas.
Na cerimônia de lançamento da campanha, o presidente do Detro-RJ, Leonardo Matias, e a secretária estadual da Mulher, Heloísa Aguiar, assinaram termo de cooperação entre as duas pastas para um trabalho contínuo de enfrentamento ao assédio e à importunação sexual no transporte intermunicipal. Também houve o lançamento da Ouvidoria da Mulher, um atendimento específico do Detro para acolhimento e orientação às mulheres, que vai contar com equipe multidisciplinar formada por psicólogos, assistentes sociais e advogados.
De acordo com o secretário estadual de Transporte e Mobilidade, Washington Reis, a iniciativa deve ser celebrada por todos os cidadãos. “Essa bela campanha vai deixar um legado para a população fluminense e pode ser repetida por outros estados do Brasil”, disse Reis. Já a secretária da Mulher, Heloisa Aguiar, afirmou que "a campanha já deu certo. Vamos trabalhar em conjunto por essa causa", declarou.
Ações
A Secretaria da Mulher vai capacitar fiscais do Detro para abordar, acolher e encaminhar vítimas de importunação sexual nos veículos de transporte coletivo para unidades de atendimento especializadas espalhadas por todo o estado. “Os protocolos serão construídos e os funcionários serão treinados. Proteger uma mulher é proteger toda uma família”, disse Heloisa Aguiar.
O presidente do Detro-RJ, Leonardo Matias, contou que a campanha foi idealizada após uma ligação recebida pela ouvidoria, em que o órgão foi questionado sobre o assunto. “A campanha é um alerta. Essa iniciativa e parceria com a Secretaria da Mulher vai ampliar os canais de denúncia e o acolhimento. Todos somos responsáveis e devemos combater o assédio à mulher no transporte. Vamos trabalhar diariamente em conjunto por essa causa”, afirmou o presidente.
A palestrante Fafate Costa, jornalista e pesquisadora sobre áreas de memória social e estudos sobre a mulher, elencou alguns números sobre o assédio no Brasil. "Dados atuais do Fórum de Segurança Pública apontam que 50 mil mulheres sofrem algum tipo de violência de gênero todos os dias. São 18 milhões por ano. A pesquisa indica que : 46,7% das brasileiras foram assediadas, sendo que 12,8% desses casos ocorreram nos transportes públicos e 18,6% no ambiente de trabalho. Nossa sociedade carrega marcas de um machismo histórico e violento que precisa ser olhado de frente com coragem e ações", declarou a pesquisadora, que tem pós-doutorado na Universidade de Warwick, no Reino Unido.
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