Vargem Grande: sobram belezas naturais e falta educação de alguns

Segundo moradoras, as ruas que estavam sem capina há algum tempo foram limpas depois de muitos pedidos. "A capina foi feita esses dias, mesmo assim porque reclamaram muito e depois de não sermos atendidos a notícia saiu na rádio, acho que foi o que solucionou”, contou Altinéia Azevedo, moradora do bairro há 18 anos. Alguns nem esperam mais pelo serviço, preferem fazer por conta própria para manter a boa aparência da rua, como é o caso da Dona Maria José Verly, que mora no bairro há cerca de 30 anos. "A gente mesmo acaba fazendo uma limpeza, pelo menos na frente de casa. Se fosse depender de alguém para fazer as capinas daqui a gente estava perdido”, disse. 

Ainda segundo Dona Maria, esse não é o principal problema do bairro. O maior deles é o caso dos transportes públicos, que demoram a passar no local — muitas vezes presos no trânsito na cidade — e ainda, onde esperar por eles, já que a maioria dos pontos de ônibus não tem bancos nem telhados, simplesmente uma placa sinalizando que ali o ônibus realiza a parada. O único que tem uma estrutura adequada foi totalmente pichado e danificado. "Os piores problemas do bairro são em relação aos ônibus. O horário é um problema porque às vezes passam dois ônibus juntos, depois só daqui a uma hora, uma hora e meia. E também não temos um lugar descente para esperá-los, não existe um ponto direito com banquinho e telhado. Às vezes está chovendo e a gente tem que ficar com sombrinha aberta para esperar o ônibus. É uma situação que incomoda a todos nós”, contou. 

Outra reivindicação feita foi em relação à falta de educação de alguns ao depositar os lixos na rua principal do bairro. Eles acabam sendo revirados e espalhados por cachorros antes mesmo que o caminhão de coleta passe. Segundo o morador Luiz Antoniano Verly, a coleta do lixo acontece regularmente, não há o que reclamar do serviço, só dos próprios moradores que não têm um local certo para fazer o depósito dos resíduos, jogando-os em qualquer lugar. "Os moradores jogam lixo em qualquer lugar, não exatamente no lixo. Onde acham que podem jogar, eles jogam. Não temos o que reclamar do serviço, aqui passa também o caminhão de lixo reciclável que só recolhe o material da minha casa, pois nenhum outro morador se propõe a juntar o lixo que pode ser reaproveitado. Toda quinta-feira eles passam, mas isso vai de cada um, é uma questão de conscientização”, falou o morador, buscando conscientizar os vizinhos em não só depositar o lixo no lugar correto como também separar, em casa, o lixo reciclável para coleta especial. A falta de uma associação de moradores também causa insegurança para os que vivem em Vargem Grande. Luiz Antoniano contou que há algum tempo já existiu uma associação, mas hoje é ausente e faz falta entre os moradores: "Acho que para que o bairro tenha mais voz falta além de força de vontade, porque quando se tem vontade de fazer alguma coisa, elas acontecem, também uma associação de moradores, que não existe. Já teve, mas foi desativada há algum tempo e depois nunca mais voltou. A associação é importante porque quando você quer reivindicar algum problema, você chega com um grupo, com uma proposta formada, e acaba tendo mais força do que quando você chega sozinho, como uma pessoa física”.  

Porém, diante de tantos problemas que encontramos em uma cidade, o bairro é diferenciado em relação à beleza natural que proporciona para os moradores. Vargem Grande é também uma localidade com bastante área rural, onde o verde da natureza traz tranquilidade para os que moram na localidade e acordam todos os dias com os pássaros cantando. Plantação de flores, a antiga sede da fazenda do Cônego e trilhas ecológicas são exemplos de lugares adorados pelos moradores. Os mais antigos afirmam morar em um lugar tranquilo e familiar onde apesar do crescimento populacional e transformação do lugar, o verde ainda é preservado pela maioria.