Equilíbrio, precisão e técnica. Sem esse conjunto de características torna-se impossível a prática da modalidade Moto Trial. Aos 26 anos de idade, Bruno Sanglard provou que reúne tais habilidades, e trouxe para Nova Friburgo o vice-campeonato da primeira etapa do Campeonato Brasileiro de Trial. A abertura da competição foi realizada no último domingo, 22, no Parque Ecológico da Pampulha, em Belo Horizonte. Ao todo, 17 pilotos participaram da prova, em quatro categorias. O friburguense foi o segundo colocado na categoria Avançados, uma das principais do evento.
"Tivemos que superar alguns obstáculos naturais, outros criados artificialmente. Tudo dentro do contexto da categoria. Fiz uma longa viagem, mas valeu a pena pelo bom resultado. Gostaria de agradecer aos apoios da Red Sports, Larissa Elásticos e Zenith Confecções, que possibilitaram a minha participação no evento.”
O circuito indoor contou com obstáculos montados, como manilhas, madeira, e rampas que foram montados com materiais reciclados. Bruno é o único atleta em Nova Friburgo a praticar a modalidade, que voltou a ser disputada de maneira oficial. No entanto, o Moto Trial também é novidade para o friburguense. "Comecei a praticar de fato em 2014. Tive algumas experiências com o motocross e competições em trilhas”, conta.
A julgar pela primeira prova, Bruno Sanglard fez a escolha certa. Recuperado de uma recente lesão no joelho, treinou apenas duas vezes antes da competição — na quinta e sexta-feira que antecederam a etapa do Brasileiro. Ainda assim, foi superado apenas por Fábio Bueno, vencedor na categoria Avançados. Christiano Falette em terceiro. Na Novatos, Léo Cascão foi o piloto que perdeu menos pontos, superando Fernando Lucas. Alexandre Xuxa ficou com a terceira colocação. Na categoria Feminina a vencedora foi Jessica Mary. A etapa contou com a presença do piloto catalão Jordi Pascuet, que se apresentou nos intervalos da competição. Pascuet tem no currículo um Campeonato Europeu, um título no Trial das Nações e diversos títulos estaduais, além de ser recordista de vitórias em três provas do calendário europeu.
Com outras seis etapas pela frente, o Campeonato ainda contará com a categoria Free Ride, destinada a pilotos com motos de enduro, Randonner ou similares nacionais com adaptações para o Moto Trial. O próximo evento pelo torneio nacional será em Ouro Preto (MG), no dia 17 de maio, e depois Petrópolis, no dia 14 de junho. Enquanto treina para buscar o título, Bruno Sanglard trabalha em outra frente: a busca por novos patrocinadores.
"Essa é a minha maior dificuldade, como acontece com outros atletas em nossa cidade. As viagens são caras, e tiramos boa parte do próprio bolso. A paixão pelo esporte e a satisfação nos fazem continuar.”
Um pouco mais sobre Moto Trial
Moto Trial é uma das diversas categorias esportivas que envolvem a motocicleta. Estas são especialmente desenvolvidas para os mais diversos percursos, onde a velocidade não é determinante para o sucesso dos pilotos. O evento é dividido em seções, onde um concorrente percorre uma pista com diversos obstáculos. Não é permitido tocar o chão com os pés. Os obstáculos no curso podem ser de elementos naturais ou construídos para esse propósito. Em todas as seções, independentemente do conteúdo, a rota é cuidadosamente planejada para testar a habilidade do piloto. Alguns eventos dividem as seções em cursos separados para acomodar diferentes níveis de habilidade dos pilotos. As dificuldades aumentam com o passar das etapas.
Em cada seção, o concorrente é acompanhado por um observador, que conta quantas vezes o competidor toca o chão com o pé (ou qualquer outra parte do corpo). A cada toque a pena é de um ponto. As pontuações variam entre 0 e 5, onde o objetivo é ficar o mais próximo possível do zero. O competidor que pontua acima de cinco é eliminado.
O esporte é bastante popular no Reino Unido e Espanha, e ainda relativamente pouco praticado Brasil e no resto do mundo. As motos trials modernas são bem diferentes das antigas, e evoluíram para se tornarem leves. Elas não possuem assentos — são projetadas para serem guiadas em pé — e têm curso da suspensão mais curta em relação ao motocross ou enduro. A categoria é frequentemente utilizada por pilotos de outros esportes motorizados, tais como motocross ou rali, como forma de treinamento.
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