O novo imortal da Academia Brasileira de Letras

quarta-feira, 31 de dezembro de 1969
por Jornal A Voz da Serra
O novo imortal da Academia Brasileira de Letras
O novo imortal da Academia Brasileira de Letras

Flávia Namen

Hoje, 6, acontece a solenidade de posse dos novos imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL). A cerimônia promete ser bastante concorrida e tem um sentido especial para muitos friburguenses devido a posse do jornalista e escritor Zuenir Ventura, que mantém estreitos laços com Nova Friburgo, cidade onde residiu na juventude e visita com frequência para rever amigos e parentes. Por conta disso, a solenidade contará com a presença de vários familiares do escritor como a diretora do jornal A VOZ DA SERRA, Adriana Ventura, e a jornalista Dalva Ventura, entre outros convidados.

O reconhecimento da respeitada academia vem sendo motivo de orgulho e expectativa para Zuenir, conforme declarado em entrevista publicada em dezembro passado no jornal A VOZ DA SERRA. "Estou vivendo um momento muito especial. Uma conquista ter sido escolhido por meus pares para a Academia, por ter tido 35 votos dos 37 acadêmicos. Fiquei muito feliz por passar a integrar uma instituição secular, fundada por Machado de Assis, onde estão muitos dos maiores escritores brasileiros. Sinto como se fosse começar uma nova fase da minha vida. O perigo é começar a pensar como se fosse mesmo um imortal (risos)”, disse ele. 

Mestre Zu, como é conhecido entre os colegas jornalistas, será recebido esta noite na ABL por sua mestra em literatura portuguesa, Cleonice Berardinelli. A solenidade de posse acontece a partir das 21h, no Petit Trianon, prédio localizado no centro do Rio de Janeiro. A aposição do colar caberá ao acadêmico Merval Pereira e a entrega do diploma será feita pelo acadêmico Domício Proença Filho. A cerimônia também contará com um discurso de Zuenir, que foi eleito para a cadeira 37 e sucede o dramaturgo e poeta Ariano Suassuna, falecido em julho do ano passado. Os ocupantes anteriores da cadeira foram Carlos de Laet, Ramiz Galvão, Viriato Correia, Joracy Camargo e Genolino Amado.

Nascido em 1º de junho de 1931, em Além Paraíba, Minas Gerais, Zuenir passou a infância em Nova Friburgo — estudou no Colégio Cefel —, cidade que ele garante ter lhe dado "régua e compasso” e inspirou seu último livro. Lançado em 2012, "Sagrada Família” (capa abaixo) retrata os relacionamentos entre diversos parentes do interior. A cidade em questão se chama Florida. Qualquer relação com Nova Friburgo é mera coincidência, mas os friburguenses mais antigos podem identificar muitos pontos em comum com pessoas e costumes dos velhos tempos. 

 


Dono de uma premiada trajetória

Casado com Mary Ventura — com quem teve dois filhos, Elisa e Mauro — o novo imortal é bacharel e licenciado em Letras Neolatinas e jornalista e colunista do jornal O Globo. Foi editor internacional do Correio da Manhã, diretor de redação da revista Fatos & Fotos, chefe de reportagem da revista O Cruzeiro, tendo trabalhado ainda na Veja, Isto É e na revista Domingo, do Jornal do Brasil, além de editor-chefe da revista Visão-Rio (sucursal Rio). Em 1995, ganhou o Prêmio Jabuti, na categoria reportagem, pelo livro ‘Cidade Partida’. Outra obra de Zuenir, ‘1968: o Ano que Não Terminou’, chegou à 48ª edição, vendendo mais de 400 mil exemplares e inspirando a minissérie ‘Anos Rebeldes’, da TV Globo. Foi vencedor também dos prêmios Esso de Jornalismo e Vladimir Herzog pela série de reportagens ‘O Acre de Chico Mendes’, publicada pelo Jornal do Brasil em 1989. Em 2008, recebeu um troféu especial da ONU por ter sido considerado um dos cinco jornalistas que "mais contribuíram para a defesa dos direitos humanos no país nos últimos 30 anos”. Já a Associação dos Correspondentes Estrangeiros elegeu-o "O jornalista do ano” em 2010. 


Ex-mestra fará discurso de recepção a Zuenir

Professora emérita da UFRJ e da PUC-Rio, Cleonice Berardinelli é considerada a maior lusitanista brasileira, especialista em Camões e Fernando Pessoa. Do alto de seus 98 anos bem vividos, já formou gerações e mais gerações de professores e intelectuais como alguns imortais que integram a Academia Brasileira de Letras. Em 2009, Cleonice também se tornou membro da instituição e, em nome da ABL, fará o discurso de recepção a seu ex-aluno Zuenir. 





 


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