Av. Governador Roberto Silveira: o coração ferido do Prado

quarta-feira, 04 de março de 2015
por Karine Knust e Flávia Namen
Av. Governador Roberto Silveira: o coração ferido do Prado
Av. Governador Roberto Silveira: o coração ferido do Prado

Com um considerável número de endereços comerciais, instituições e residências, o Prado é um dos bairros do distrito de Conselheiro Paulino que, apesar da intensa movimentação econômica e social, precisa de mais atenção. Um grande exemplo é a Avenida Governador Roberto Silveira, que corta todo o bairro e liga a cidade ao distrito mais movimentado de Nova Friburgo. Localizada à margem do Rio Bengalas, a via tem a obscura fama de "avenida da morte” devido aos inúmeros casos de acidentes no local envolvendo veículos e pedestres. 

De acordo com dados do 6º Grupamento do Corpo de Bombeiros, entre janeiro e dezembro do ano passado equipes de salvamento da corporação militar  atenderam a 114 ocorrências de acidentes de trânsito na avenida. Só nos primeiros dois meses deste ano já foram registrados oito casos, mas, também segundo os bombeiros, os números podem ser ainda maiores, já que em pequenos acidentes, onde não há vítimas, o socorro geralmente não é acionado. 

Para o feirante Ezio Rosa, 54 anos, que possui uma quitanda à margem da avenida, uma das maiores causas dos acidentes é a imprudência de muitos pedestres e motoristas. "Não tem jeito. Sempre tem acidente aqui na avenida e, sinceramente, a maior culpa é da população. O fluxo de veículos é muito grande e toda hora vejo pedestre atravessando fora da faixa de pedestres, moto passando pelo acostamento e carros em alta velocidade. É muita imprudência. O povo não sabe respeitar regras e acha que nunca vai acontecer um acidente. Se ao menos tivéssemos radares ao longo da pista as coisas melhorariam. Rapidinho os motoristas iriam tirar o pé do acelerador”, relata ele, que ainda revela mais um fator que representa perigo para aqueles que circulam diariamente pela via: "É preciso ter acostamento também, se um veículo apresentar problema e o motorista estiver do lado da pista sentido Centro, como é que fica? Não tem onde parar, muito menos um lugar seguro para os pedestres passarem!”

De acordo com a Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana, há um projeto pronto de toda a sinalização semafórica do local. No entanto, é necessário aguardar a conclusão das obras do Rio Bengalas para que o mesmo seja implantado. Como já destacado em A VOZ DA SERRA na reportagem publicada no último dia 27 de fevereiro, a maioria dos pontos de embarque e desembarque da Governador Roberto Silveira ainda está deixando a desejar no que diz respeito, principalmente, a manutenção e instalação de coberturas e bancos em bom estado. "Muita gente senta na escada que dá acesso a nossa loja para esperar a condução e acaba atrapalhando a passagem de quem quer entrar ou sair do estabelecimento, espantando clientes. Fica chato a gente pedir para sair, até porque muitos já são idosos. É preciso que façam alguma coisa para melhorar essa situação”, relata uma vendedora que não quis se identificar. 

"Às vezes é preciso andar bastante para chegar até um ponto. Há um bom tempo, desativaram um dos pontos de ônibus depois da ponte de acesso ao bairro Jardim Califórnia e nunca mais colocaram outro por ali. Isso me deixa indignada porque já cansei de ver idosos e pessoas com dificuldade de locomoção terem que andar longos trechos para chegarem em casa ou embarcarem”, também desabafa a aposentada Maria da Silva, de 64 anos.

Segundo nota já enviada pela Secretaria Municipal de Obras, através da Subsecretaria de Comunicação Social, "existe um cronograma com a previsão de que a partir deste mês a Prefeitura estará recuperando todos os pontos de ônibus dos distritos do município”. Outro fator que preocupa quem mora na localidade é a visível paralisação das obras do Rio Bengalas. Devido as constantes inundações do comércio local e de residências no período de chuvas, principalmente em janeiro de 2011, a canalização do rio trouxe esperança para aqueles que já cansaram de ver seus bens materiais indo por água abaixo. 

No entanto, de acordo com a população local, as obras de controle de inundação e recuperação ambiental do Rio Bengalas, que são realizadas pelo Consórcio Rio Bengalas e começaram em março de 2013, estão paralisadas já há algum tempo. "Sempre temos prejuízos quando ocorrem enchentes. Apesar de sabermos que a intervenção está sendo feita para dar uma melhoria, essa paralisação pode fazer com que o prazo de conclusão seja estendido e assim vamos continuar reféns das chuvas. Ainda não vi nenhuma equipe trabalhando nesse projeto do Rio Bengalas esse ano”, afirma o gerente de uma loja na localidade, Junior Reis, 29 anos.

Na última quarta-feira, 4, nossa equipe de reportagem avistou alguns funcionários próximos ao rio. No entanto, ao abordá-los, os operários informaram que estavam fazendo apenas um reparo específico e que não estavam autorizados a dar informações. O Consórcio Rio Bengalas também não se pronunciou sobre o caso. Já o órgão ambiental responsável pela obra, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), informou que não havia novidades para incluir na nota enviada em fevereiro deste ano ao jornal, quando não confirmou se as obras estão paradas, e ainda frisou que as atividades no Rio Bengalas continuavam sendo executadas. "Algumas alterações no projeto foram necessárias, o que acaba ocasionando mudança no cronograma de entrega”, encerra a nota.

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