Luz amarela acesa com queda nas vendas do polo de moda íntima de Olaria

terça-feira, 03 de março de 2015
por Eloir Perdigão
Luz amarela acesa com queda nas vendas do polo de moda íntima de Olaria
Luz amarela acesa com queda nas vendas do polo de moda íntima de Olaria

Empresários de moda íntima afirmam que 25% das chamadas roupas de baixo vendidas no Brasil são produzidas em Nova Friburgo. Desse total, as confecções de Olaria participam com cerca de 10%. Mas, se a situação atual persistir, essa participação tende a se reduzir. De acordo com João Machado, as vendas vêm diminuindo ano a ano desde 2010. E se em 2015 o quadro repetir esse patamar, a situação do Polo de Moda Íntima de Olaria tende a ficar insustentável. "Pode passar da luz amarela, de atenção, para a vermelha, do fim”, arrisca ele. A expectativa é que passadas as férias e o carnaval, o turismo de compras seja retomado, mas todos estão conscientes de que não será como antes.

Olaria já teve um circuito de moda íntima, do qual Machado era o presidente. Porém, por falta de participação, a organização parou. Extraoficialmente, Machado foi ‘ficando presidente’, mas, ante a apatia dos colegas empresários, ele também desistiu da tarefa. Machado tem procurado saber se o quadro adverso se verifica somente em Olaria ou em toda a cidade. O reflexo é imediato diante da retração. "As demissões já começaram devagar, porque, é claro, a gente não quer demitir ninguém, mas se a loja não vende, como vamos manter funcionários trabalhando?”, questiona, informando que já dispensou 20% de seus funcionários da loja e 10% da fábrica. Há casos de empresários do setor que já fecharam lojas no bairro. 

Junto com a queda nas vendas, os custos operacionais também se elevaram. E muito. Machado exemplifica com a conta de energia elétrica. Pagava entre R$ 140 e R$ 150 por mês na loja e agora a conta chegou com o valor de R$ 345. E sabe que vai aumentar mais ainda. Os empresários não têm como repassar essa elevação dos custos para o consumidor porque as vendas já estão fracas. "Quando as notícias apontam chuva para Nova Friburgo aí é que não aparece ninguém mesmo. Isso atrapalha muito”, frisa Machado. 

O CIRCUITO DE MODA ÍNTIMA

As cerca de 150 lojas de moda íntima de Olaria, além das fábricas, se valiam do circuito de moda íntima para incrementar o setor, com apoio da Secretaria Municipal de Turismo à época da prefeita Saudade Braga. Machado garante que posteriormente esse apoio não continuou, até que ele também esmoreceu e, vendo que sozinho não conseguiria mais nada, desistiu; e assim o circuito se esvaziou por completo. Ele analisa até a possibilidade de deixar Nova Friburgo. 

Por julgar o circuito de moda íntima de Olaria importante, Machado vê o seu retorno como forma de realavancar o setor no bairro e fazer voltar os turistas de compras. Para tanto, é preciso que surja outro líder e mais colaboradores e que a Secretaria Municipal de Turismo volte a dar seu apoio. E não apenas a Secretaria de Turismo, outras também precisam dar mais atenção a Olaria, pois as ruas estão com o pavimento precário, já não há mais vagas para os turistas estacionarem, desanimando-os a visitar o bairro. E, sem publicidade, o circuito de Olaria não fica mais conhecido em outras cidades.

DIÁLOGO & PARTICIPAÇÃO 

O secretário municipal de Turismo, Nauro Grehs, lamentou que os circuitos turísticos não tenham dado certo em Nova Friburgo, não somente o circuito de moda íntima de Olaria. No entanto, tem recebido reclamações de que as lojas do setor não abrem nos fins de semana, justamente quando muitos dos turistas de compras se dirigem ao bairro. O secretário cita o exemplo do carnaval deste ano, quando a cidade esteve lotada e as lojas de Olaria, fechadas. Em sua opinião, se as lojas abrissem nos fins de semana, poderia ser uma ajuda para espantar ou amenizar a crise. A Secretaria poderia até divulgar as lojas que funcionassem.

Nauro cita que a Secretaria de Turismo participa do Conselho da Moda, da Firjan, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, divulga o setor de moda íntima da cidade em geral. Para um trabalho específico, o secretário se mostra disponível para discutir alternativas de incentivo ao setor com os empresários, que, segundo ele, poderiam inclusive participar do Conselho Municipal de Turismo.

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