Estiagem prolongada preocupa friburguenses

Concessionária lança campanha estimulando combate ao desperdício
domingo, 25 de janeiro de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Estiagem prolongada preocupa friburguenses
Estiagem prolongada preocupa friburguenses

Alerrandre Barros e Karine Knust

Nova Friburgo também sofre com a estiagem prolongada que atinge várias regiões do Estado do Rio e do país. Segundo o superintendente da concessionária Águas de Nova Friburgo, Christian Portugal, o problema atinge 20% da população friburguense, entretanto, os moradores não precisam se desesperar. "Eu acredito que dificilmente a gente vai sofrer com falta de água absoluta. A disponibilidade per capita de água em Nova Friburgo é muito grande em relação a outras cidades, como Rio e São Paulo, por exemplo”, explica o engenheiro. 

Os sistemas que estão com nível de água abaixo do habitual são Caledônia, Curuzú, Bela Vista, além de Jason e Santana, que abastece Campo do Coelho, o sistema de Amparo, Lumiar e São Pedro da Serra. Por causa da pouca incidência de chuvas no mês de janeiro, a vazão dos rios onde estão as captações das estações de tratamento diminuiu  neste período, em média, 50%, prejudicando o abastecimento em alguns bairros. Segundo a concessionária, do dia 1º ao dia 20 de janeiro deste ano, choveu apenas 38 mm nas captações de água  destes oito sistemas acima citados, bem abaixo dos 107 mm no mesmo período do ano passado. Por serem isolados, não dá para transferir água de alguns mananciais. "Mas temos trabalhado e estamos fazendo investimentos em bombas para transferir água de um sistema mais vulnerável para outro. A gente está atento a isso”, diz o superintendente. 

Márcia Damacena, proprietária de um restaurante em Serra do Largo, em São Pedro da Serra, ficou sem água por quatro dias e, por isso, estima que teve prejuízos de R$ 8 mil. "Não fui avisada que não teria água. Liguei várias vezes pedindo solução, mas eles só vieram resolver o problema na terça-feira, 20, na parte da manhã. No sábado, 17, à noite, eu estava cheia de clientes aqui e eles acabaram indo embora por conta desses problemas. Agora as coisas estão normalizando, mas sentimos muito descaso da empresa”, reclama a empresária, que ainda conta que ficou dez dias sem água em casa. "Usei uma nascente cedida pela vizinha. Faz seis anos que moro aqui e é sempre assim, é só aumentar o fluxo de pessoas que começamos a ter problemas. Carnaval, Ano-novo e férias são sempre problemáticos em relação a água. Estamos providenciando mais caixas-d’água para tentar minimizar os transtornos”, conta.

No início da semana, a concessionária iniciou uma campanha para alertar a população dos bairros afetados com a falta de água. "Como o problema está acontecendo com uma parcela da população, a campanha é direcionada para esses locais. A gente utiliza carros de som circulando nas ruas, solicitando que as pessoas economizem água, e também panfletos são entregues junto com a conta de água”, detalha Christian Portugal. 

Para o superintendente, não dá para prever se a população da cidade terá que racionar água. "Como esse verão está pior que o do ano passado, é muito difícil dizer se vai haver racionamento. Hoje eu vi que há previsão de chuva para toda a semana. Se realmente cair toda a chuva que está prevista aqui, vai nos dar um boa folga de pelo menos mais uns 20 dias, depois que a chuva parar”, explica. 

O melhor caminho, segundo o engenheiro, é a população se preocupar em fazer uso consciente da água, não apenas no período de estiagem. "A racionalidade do uso da água é fundamental. E tem muita coisa que dá para fazer para reduzir o consumo, por exemplo, evitar usar jato-d’água para lavar o quintal e regar plantas. Tudo que você usa com jato de água você gasta muito mais do que o necessário. Tem pessoas que eu conheço que estão coletando água de chuva para fins menos nobres, como lavar o quintal, regar uma planta. E isso acaba refletindo na conta”, sugere.

Os clientes que moram nos bairros afetados pela estiagem — e que estiverem sem água — podem solicitar um caminhão-pipa pelo telefone 0800-026-0008. É preciso estar com a conta da água em mãos. 


Falta de água em Conselheiro Paulino não foi causada pela estiagem

A falta de água que afetou a região de Conselheiro Paulino na semana passada não tem relação com a estiagem, segundo Christian Portugal. "No local, aconteceu um problema na captação de água na bomba de captação do sistema de Rio Grande, que é perene, então não sofre com estiagem. Em 24 horas o problema foi resolvido”, explica. Em relação ao Terra Nova, o problema de abastecimento aconteceu porque o reservatório que abastece os prédios 5 e 6 estava perdendo água para o sistema de incêndio do condomínio. A concessionária custou identificar o problema e os moradores ficaram cerca de cinco dias com o fornecimento de água irregular. 

 

Veja a lista de ruas e bairros afetados pela estiagem 

 – Sistema Curuzú: Bairro Parque Imperial; Bairro Varginha;  Bairro Catarcione e Bairro  Oscar Schultz nas ruas:  Afonso Mariano de Souza,  Amaragi, Bodoco,  Cabrobo, Oscar Schultz e Rua Triunfante; Bairro Santa Luzia nas ruas Condor, Dr. Waldir Ramalhete Lemos e Estrada Eugênio Gripp ;  Bairro Parque D. João VI na Alameda das Pedras Negras, do Lago e Sanhadus.

 – Sistema Bela Vista: Chácara do Paraíso: Estrada Coronel Heber Alves da Costa e Rua Vereador Francisco Porto; Bairro Jardim Guaracy; Lot. Mirante Real/ Boa Ventura;  Jardim dos Reis; Bairro Nova Suíça, inclusive Condomínio Verde Vale;  Bairro Santa Luzia nas ruas  Vereador Francisco Porto e Arthur da Silva Franco.

 – Sistema Caledônia: Alto de Olaria; Bairro Sítio São Luiz; Bairro Granja do Céu; Bairro Cônego; Bairro Vargem Grande; Loteamento Glória; Bairro da Graça nas ruas Balbino de Souza, rua da  Graça, Gago Coutinho, Maria da Gloria Neno e Rua Romão Campos; Bairro Cascatinha nas ruas Candido Sales, Dr. Prudêncio Rodrigues Miranda, Eng. Sérgio Magalhães dos S. Cabral, João Baptista Machado Vieira e Joaquim José da Silva.

 – Sistema Tapera: São Pedro da Serra.

 – Sistema Santa Margarida: Lumiar.

 – Sistema Jason: Campo do Coelho.

 – Sistema Santana: Campo do Coelho.

 – Sistema Amparo: Distrito de Amparo. 

 

Segundo pesquisa, 30% das empresas do estado sofrem com a escassez de água

A falta de água é o assunto dos jornais. E, desde o fim do ano passado, as reclamações de moradores sobre o problema só vêm aumentando e cada vez mais gente tem sentido na pele o que a falta de chuva pode causar.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, no entanto, a escassez de água não afeta somente as torneiras das residências. As indústrias também vêm sendo atingidas pelo problema e precisam economizar. 

É o que aponta uma pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). De acordo com o levantamento, de 487 empresas da Região Fluminense, 30,6% estão enfrentando problemas por conta do baixo nível nos reservatórios de água. Dessas, 50,3% dizem que a principal consequência é o aumento do custo de produção e que, para resolver a questão, — 57% dos entrevistados — estão controlando o consumo. O controle de perdas na rede de distribuição e o reuso de água também foi citado por 28,5% e  25,8% deles, respectivamente. Ainda de acordo com a pesquisa, nos últimos dois anos, 56,7% das empresas adotaram medidas para reduzir o consumo de água e o resultado foi a redução do gasto do líquido em 25,6%.

Vale ressaltar que, em dezembro do ano passado, a Firjan já havia publicado uma pesquisa sobre o uso de água pelas indústrias. Nela, o líquido era apontado como o quinto item de infraestrutura mais importante para as indústrias, sendo citada por 27% dos entrevistados, à frente de outros elementos como portos (16%), ferrovias (14%) e aeroportos (6%).

Para o gerente-geral de Meio Ambiente da Firjan, Luis Augusto Azevedo, é preciso adotar medidas mais eficazes quanto à economia de água. "Se não enfrentarmos seriamente a questão do saneamento, buscarmos novas fontes e tecnologias e estimularmos a população e as empresas a economizar água, a Região Metropolitana do Rio pode enfrentar o mesmo problema atualmente vivido por São Paulo: a demanda por água será superior à capacidade de oferta. A indústria do Rio já vem fazendo sua parte, mas precisamos ser mais efetivos”, afirmou.

 




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