Fugindo do vermelho: economista dá dicas para driblar o endividamento

terça-feira, 16 de dezembro de 2014
por Jornal A Voz da Serra
Fugindo do vermelho: economista dá dicas para driblar o endividamento
Fugindo do vermelho: economista dá dicas para driblar o endividamento

Karine Knust 

Na era do consumismo extremo e com a tentadora segunda parcela do décimo terceiro salário caindo no bolso da população, entrar em 2015 com o pé direito economicamente falando não é uma tarefa fácil, mas acredite, não é impossível. Pelo menos é o que garante o economista e professor universitário Carlos Alberto Veronese Serrão. Nessa entrevista exclusiva para A VOZ DA SERRA, Carlos Alberto destaca alguns aspectos importantes para que o consumidor não caia no vermelho neste fim de ano e entre em 2015 com equilíbrio financeiro. Confira. 

 

A VOZ DA SERRA - Ao longo do ano, é comum ouvirmos reclamações referentes a dívidas e a alta no preço de produtos e serviços. Apesar dessa queixa crescente em relação à falta de dinheiro, no fim do ano os brasileiros costumam acumular dívidas, ultrapassando o ganho do 13º salário. A que se deve esse comportamento?

Carlos Alberto Veronese Serrão - Antes de tudo, quero destacar que não temos uma educação financeira. Há muito tempo o brasileiro conviveu com inflação, devido a isto não pôde se educar nesta  questão. O comportamento comum era o de "comprar o mais rápido possível, porque amanhã estará mais caro”. Nada de poupar, nada de planejar. Aliado a isso, vivemos sob o império do consumismo descontrolado, que falsamente nos mostra que o ter — e não o ser — trará felicidade. Até o governo estimula isso, baixando impostos de bens duráveis para a população consumir mais, mesmo sabendo que não temos infraestrutura para tantos carros. Devemos cuidar da questão financeira como cuidamos de outras questões pessoais, como saúde, relacionamentos, parentes, etc. Uma boa saúde financeira gera tranquilidade, equilíbrio e até saúde física e mental. Imagine a aflição de quem tem suas contas atrasadas e recebe cartas, telefonemas, ameaças de cobradores.


O que o consumidor deve fazer com o seu décimo terceiro? 

Antes de qualquer coisa, quitar as suas dívidas. Se não der para quitar todas, pelo menos as mais caras (juros mais altos e não o valor da prestação), como as de cartão de crédito, cheque especial. Caso sobre alguma coisa, faça uma lista de compras com o valor exato da sobra e só compre até o limite deste valor. Devemos lembrar que no início do ano vem um montão de contas para pagar, então temos que pensar também para os próximos meses e não ficar olhando para o 13º como se tivéssemos que gastá-lo todo para as festas de fim de ano.


Vale fazer prestações ou é melhor quitar as compras de fim de ano de uma só vez?

Valerá sempre pagar à vista e negociar um desconto do que fazer prestações. Se a loja está parcelando é por que ela já colocou o seu encargo financeiro no valor, portanto sempre dará um desconto no pagamento à vista e com isso você poderá até comprar mais coisas. Diga-se de passagem que o desconto normal à vista é de dez por cento, taxa essa que é superior a você deixar atualmente o mesmo valor aplicado em uma poupança por um ano. Temos também de ser mais moderados em nosso consumo, na realidade precisamos de muito poucas coisas para viver, então o lema é comprar o necessário e o que é possível, não devemos colocar o chapéu onde não alcançamos.


Como economizar neste peíodo de fim do ano?

Mudar o nosso modo de vida, pensar que podemos fazer as mesmas coisas de forma mais simples, e com isso economizando, saindo desse pensamento consumista que diz que temos que consumir bacalhau, tender, peru, frutas e vinhos importados como se isso fosse trazer felicidade. É puro engano, nada disso, pois uma gostosa refeição simples, como um frango feito com amor, um feijão feito com prazer nos proporcionará a mesma alegria, às vezes até mais. 

O importante é estarmos juntos de quem amamos e curtindo juntos este momento. Quem não se lembra da comida feita pela mãe ou pela avó, como aqueles momentos nos trouxeram alegria e felicidades?


Em janeiro, os gastos com material escolar, IPTU e IPVA, por exemplo, costumam dar um baque no orçamento. O que fazer para driblar o endividamento?

Primeiro, guardar o que puder do 13º. Depois, colocar no papel todos os gastos e receitas. Havendo falta, deve-se então pagar o IPTU e IPVA em parcelas e outras coisas que infelizmente não dá para quitar à vista.

O termo é educação financeira, e começa quando fazemos anotações diárias das nossas receitas (ganhos, como salários, bicos, etc...) e todas as nossas despesas, mesmo aquelas pequenas, como um cafezinho no final da tarde. Se tivermos um caderno, anotando mês a mês estes valores, poderemos verificar o que nos sobra, e se não sobrar, começar a mudar os nossos hábitos de vida para que as nossas despesas sejam coerentes com as nossas receitas e que pelo menos tenhamos uns 8% de sobra no final de cada mês, se fizermos isto nós estaremos criando o nosso 14º salário, pois estes valores em 12 meses nos proporcionará mais um salário e isto não é tão difícil, basta ter atitude e começar.

 

Para que o dinheiro não vire vendaval

Se para você a música do sambista Paulinho da Viola faz todo sentido, é preciso ligar o alerta e arranjar maneiras para não deixar o dinheiro que você tem à mão virar vendaval. Uma forma diferente de economizar que ganhou força nas redes sociais no início de 2014 e ainda tem ensinado a muitos um dos modos de poupar é o desafio das 52 semanas. 

A ideia é poupar dinheiro toda semana durante o ano inteiro. Na primeira semana, você guarda R$ 1. Já na segunda, guarda R$ 2 — e assim por diante. A proposta, ou seja, é aumentar sempre um real a cada início de semana. Como o ano tem 52 semanas, você chega ao final dele com uma economia de R$ 1.378,00.

Existem aqueles que até dão uma incrementada na quantia semanal e chegam no fim do ano com uma economia bem mais suntuosa, mas se o orçamento for apertado não desista!  Poupe menos, mas não deixe de economizar, afinal, um dinheirinho extra sempre é bom. 




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