EDITORIAL - Tempos amargos

quarta-feira, 31 de dezembro de 1969
por Jornal A Voz da Serra

ENQUANTO o debate da campanha eleitoral se fixa nos escândalos na Petrobrás e a presidente Dilma tenta de todas as formas abrandar a crise naquela empresa e afirmar que o Brasil vai bem e que a crise não chegou ao país, indústrias tradicionalmente exportadoras amargam prejuízos com a globalização e a população vai aos poucos percebendo as dificuldades da economia formal para fechar o ano.

O OTIMISMO apresentado por muitos segmentos no início do ano eminentemente eleitoral cedeu espaço para a dúvida e a incerteza, criando um ambiente nebuloso para investimentos de médio e longo prazos, quer privados, quer públicos. E com esta conjuntura adversa os governos municipais vivem um cenário que não favorece nada além da política arroz com feijão. 

ALGUMAS frentes de trabalho importantes deverão estar bem pactuadas para que não haja um retardo no início das obras ou que, se iniciadas, não sejam suspensas por conta do arrocho global. Por mais que se queira admitir a calmaria, o sufoco financeiro vai deixar sequelas também nos países em desenvolvimento e o Brasil não ficará fora dessa influência.

 SE, PARA OS governos atuais, fechar as contas do exercício não deve ser tarefa das mais fáceis, traçar uma política para 2015 e anos subsequentes certamente será muito mais complicado. O anúncio do orçamento municipal do ano que vem, em torno de R$ 570 milhões, não permite que o governo tenha condições de alavancar projetos prometidos e ainda cuidar da gestão municipal, sem que algo deixe de ser reprogramado. 

A INICIATIVA privada também não enxerga um cenário de prosperidade para o ano que vem. Embora os níveis de emprego tenham atingido números recordes na economia, ninguém quer arriscar um prognóstico otimista para o próximo ano. O caso friburguense ainda tem contra si os reveses das exportações que não favorecem a nossa indústria, principalmente a de moda íntima.

COM TANTA incerteza, os cidadãos não querem fazer prognósticos nem assumir dívidas de longo prazo, principalmente os financiamentos imobiliários. A retração econômica não indica outra alternativa senão, a exemplo de tantos outros países, deixarmos as nossas barbas de molho, enquanto a calmaria não apazigua este confuso momento.

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