EDITORIAL - Cidade indefesa

quarta-feira, 31 de dezembro de 1969
por Jornal A Voz da Serra

CONFORME noticiou A VOZ DA SERRA na edição de ontem, os focos de incêndio começam a surgir e, para não repetirmos os episódios dos anos anteriores, a hora de ficar atento é agora, buscando formas de minimizar tais ocorrências. Sem a conscientização da população, os riscos aumentam ainda mais e um gesto impensado pode se transformar em tragédia de graves proporções.

OS BAIXOS níveis dos cursos d’água já revelam que os mananciais podem vir a sofrer alguma alteração, caso a estiagem seja prolongada. Tal fato, além de prejudicar a comunidade no abastecimento diário, ainda pode causar a degradação das margens e assoreamento, além da poluição dos rios e da mortandade de peixes. Para uma cidade que possui um rico manancial, que fornece água também a outros municípios, os rios friburguenses pedem mais atenção.

OS TRADICIONAIS temporais ocorridos no final do ano ainda não chegaram prenunciando uma estação preocupante para todos nós, que nem a reza salva. As informações da Defesa Civil, dando conta de milhares de pessoas vivendo ainda em áreas consideradas de risco em Nova Friburgo, preveem meses de atenção redobrada tanto das autoridades como da população em geral.

ALÉM DAS CHUVAS, outros fatores atemorizantes da era do aquecimento global também estão presentes no cotidiano friburguense e exigem pelo menos a atenção em curto prazo das autoridades ambientais e de toda a sociedade. Por exemplo, o fato de se ter mais de 75 mil veículos circulando no município, que colaboram para a emissão de gás carbônico, o temido CO2 que, no nosso caso, tem valor significativo.

CADA cidadão, friburguense ou não, libera em média sete toneladas/ano de gás carbônico, de acordo com as estatísticas da ONU. Para compensar a emissão, deveria plantar, cada um, 38 árvores. Por tudo isso, e muito mais, somos responsáveis pelas alterações climáticas do planeta. Buscar uma saída envolve, portanto, ações de toda a comunidade.

O CÓDIGO ambiental friburguense aprovado pela Câmara Municipal coloca o município no cenário ambiental e em sintonia com os governos federal e estadual, atendendo os requisitos para possíveis benefícios fiscais, como o ICMS Verde e outros pleitos de ordem ambiental. 

O PROCESSO de informação e participação popular nas decisões estratégicas também foi levado em consideração, recebendo sugestões dos segmentos ambientais, contribuindo para o aumento da conscientização da população quanto aos problemas do meio ambiente em toda a sua extensão. E ainda reconhece e incentiva a integração de todos os setores por uma causa comum.

A QUESTÃO ambiental estará presente cada vez mais na realidade de todos, ainda mais com o projeto da Prefeitura de tornar Nova Friburgo uma "cidade parque”. Problemas continuarão existindo, impondo novos desafios à humanidade. Cada um, portanto, deve fazer a sua parte, ainda que pequena. Através dessas múltiplas "pequenas ações” atingiremos o desejado desenvolvimento sustentável.

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