Aplicativo que obriga filhos a atenderem telefonema dos pais começa a fazer sucesso

terça-feira, 26 de agosto de 2014
por Jornal A Voz da Serra

Uma mãe norte-americana, cansada de ter seus telefonemas ignorados pelo filho, criou um aplicativo que dá aos responsáveis o poder de bloquear remotamente o celular de crianças e adolescentes. É o chamado Ignore No More ("chega de ignorar”, em português), com download já disponível para o sistema Android.

Quando o celular de uma criança ou adolescente é bloqueado com esse aplicativo, ela tem duas opções: ou retorna a ligação ou liga para um serviço de emergência. O aplicativo custa aproximadamente R$ 4 e permite que o responsável desative o celular dos filhos com apenas um clique, sob uso de uma palavra-chave como senha. E também pode ser configurado para comandar mais de um aparelho telefônico.

Apesar do lançamento ter sido recente, o programa parece já ter conquistado uma legião de adultos. No início da semana passada, quando teve seu download liberado para o público, o Ignore No More foi baixado mais de mil vezes.

O QUE PENSAM PAIS FRIBURGUENSES 

A comerciante Luciana Pires da Silva, 39 anos, residente em Olaria, gostou da ideia, pois permite aos pais que querem entrar em contato com os filhos saberem onde eles estão, se já saíram da escola e se foram para curso e coisas assim. Ela mesma, volta e meia, pede à filha que ligue informando a hora que sai da escola e ela esquece, não avisa. Aí vem a preocupação. "E ela chega da escola tranquila e eu num estado de nervos danado”, diz Luciana, imaginando que a filha pudesse estar mexendo no celular para qualquer outra coisa, menos para atendê-la. A comerciante julga válido o aplicativo e o adotaria. "Aí os filhos vão ser obrigados a entrar em contato com a gente. Eu acho uma ótima ideia”. 

Há, no entanto, quem não concorde com o uso desse aplicativo. É o caso de Nilton Sérgio Sanches, 60, agente de turismo, que mora em Nova Suíça. Ele lembra a questão da privacidade dos filhos e da confiança mútua, do diálogo frequente que, em sua opinião, fazem com que uma atitude como essa — que ele considera um exagero — não seja necessária. "Por um lado, resolve um problema. Por outro, pode acarretar outros maiores: quanto tempo esse aparelho vai permanecer bloqueado? E se o filho precisar usá-lo? Eu não sou a favor, não”. Nilton salienta que normalmente seus filhos avisam com antecedência para onde estão indo. Para ele, uma atitude assim só se justificaria se o filho fosse "um rebelde sem causa”. 

Quem também garante não ter problemas com a filha, mas concorda com o aplicativo é a diagramadora Deise Silva, 43, residente em Varginha. Sua filha sempre a deixa informada para onde vai. "Muito pelo contrário: às vezes ela me liga e eu que não atendo a ligação”. Não é seu caso, mas se tivesse necessidade, ela usaria esse aplicativo. 

 

Consenso: tempo da criança no computador deve ser limitado

Outro assunto que sempre requer análise por parte dos pais é o tempo que crianças e adolescentes ficam no computador, ou celular, além do monitoramento na internet. Nesse ponto todos concordam: esse tempo deve ser limitado.

A comerciante Luciana Pires da Silva julga necessário haver limite. Parte do tempo sua filha está na escola e não usa o celular, porém, em casa, Luciana mostra-se contrária a que ela fique demasiadamente no computador. "Deve haver tempo para tudo. Minha filha tem os horários dela”, comenta Luciana, julgando o tempo de uma hora mais que suficiente para as redes sociais. A exceção fica por conta de pesquisas escolares, podendo exceder o tempo de uma hora. 

O tempo de uso do computador pelos filhos, para Nilton Sérgio Sanches, tem de ser controlado. "Se a gente der mole eles não saem daquilo.” O agente de turismo tem como prática alertá-los a parar com o computador e fazer outra coisa, arrumar outra brincadeira, andar de bicicleta. Para o pai, duas horas no computador é mais do que suficiente, ainda mais em se tratando dos joguinhos que a criançada admira tanto hoje em dia. "Tem que ter um limite, sem dúvida.”

Deise Silva também concorda que deve haver limites, não por desobediência, mas há momentos sérios e de lazer, como estudo e uso do computador. Além das redes sociais, Deise julga importante também o convívio em casa, das crianças com os familiares. "O que acontece com as crianças hoje em dia é que nem conversam mais com os pais, irmãos, por ficarem no computador o tempo todo.” Este, pelo menos, não é um problema verificado por Deise em casa e ela não precisa ficar limitando os tempos da filha. Porém, em sua opinião, de uma a duas horas é o tempo suficiente para que os filhos fiquem no computador, pois também precisam fazer outras atividades, principalmente a integração em família, compartilhar outros momentos e não apenas se dedicar a uma máquina. 

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