EDITORIAL - Triste cotidiano

domingo, 17 de agosto de 2014
por Jornal A Voz da Serra

NAS FRIAS madrugadas friburguenses, um contingente expressivo de cidadãos se acomoda em revoltantes filas às portas do Hospital Raul Sertã e nas unidades básicas de saúde em busca de uma ficha para consulta, marcação de exames ou mesmo uma simples autorização para exames de laboratório. É a rotina que há anos se repete quando o assunto é a saúde pública, sem chances de ser modificada.

REPORTAGEM de Karine Knust e Liliana Sarquis e o trabalho fotográfico de Amanda Tinoco, feita no início de agosto e publicada na edição deste fim de semana de A VOZ DA SERRA, revela que ainda falta muito para a saúde atingir um grau de satisfação em Nova Friburgo. O problema começa nas longas filas, passa pela dificuldade de encontrar médicos especialistas e termina na demora do atendimento. Rotina que se observa aqui e em todos os hospitais públicos brasileiros.

DESDE QUE assumiu a presidência da República, há quase quatro anos, a presidente Dilma Roussef deu o tom de que vinha para avançar na gestão das políticas públicas. Como promessa, além da educação, a saúde ganhou destaque em seu primeiro discurso após o resultado das urnas. Mas a ampliação dos serviços do SUS, como ela queria, não teve efeitos na rede pública hospitalar, da qual Nova Friburgo é parte integrante, e o que vemos hoje é um verdadeiro caos de norte a sul do país.

OS BENEFÍCIOS para a população brasileira seriam evidentes se as promessas fossem cumpridas. A expectativa nacional pela melhoria do serviço médico prestado na rede pública foi provavelmente o apelo eleitoral que mais pesou na hora de eleger a sucessora de Lula e que agora tenta a reeeleição. O caos na saúde verificado no cotidiano de todas as cidades brasileiras mostra que o clamor social, infelizmente, deverá continuar. 

OS MUNICÍPIOS fora da Região Metropolitana do Rio, como Friburgo, sentem a falta de um serviço mais ampliado. Não é difícil constatarmos extensas filas com pacientes em busca de uma marcação de consultas que muitas vezes são para o próximo ano, se chegarem até lá. Acabar com este quadro de vergonha nacional é, pois, um desafio que não se impõe somente ao gestor em Brasília. Também requer o empenho estadual e, na ponta do atendimento, o governo municipal, que, efetivamente, cuida da população.

É SABIDA a carência de recursos humanos e técnicos da rede municipal de saúde para dar atendimento digno a uma população que não se restringe somente a Nova Friburgo. Centro de referência médica na região, o município ainda sente falta de serviços que levem em conta a regionalização da saúde com a melhoria da qualidade de vida de habitantes de mais de dez municípios. 

ENTENDIMENTOS com o governo estadual poderão minimizar a crise na saúde friburguense. Fórmulas mágicas foram propostas, como a do ex-governador Sergio Cabral, que admitiu a montagem de uma unidade hospitalar de campanha para suprir as necessidades da população. E o prefeito Rogério Cabral propõe um pacto entre o poder público e as demais unidades de saúde do município para a mudança desse triste quadro.

O ASSUNTO, pela dimensão e complexidade, será tema na campanha eleitoral e terá reflexos no futuro governo, que enfrentará logo no início do mandato a pesada incumbência de oferecer mais qualidade de vida e dignidade aos usuários da saúde pública no Estado do Rio e, por extensão, em Nova Friburgo. Uma lamentável situação que exige uma resposta rápida.


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