Três vias e muitas reivindicações

quarta-feira, 31 de dezembro de 1969
por Jornal A Voz da Serra
Três vias e muitas reivindicações
Três vias e muitas reivindicações

Rua 7 de Setembro, Rua Carlos Éboli e Avenida Euterpe. Localidades que fazem parte do centro da cidade, movimentadas pelo comércio e pela proximidade com a rodoviária urbana, e responsáveis por serem algumas das vias que ligam o Centro aos bairros vizinhos. Características bastante positivas para quem mora ou tem um comércio na região. No entanto, ainda existem muitos fatores citados pela população e observados pela equipe de A VOZ DA SERRA, que evidenciam a falta de atenção do poder público e a necessidade de medidas urgentes. 

 

Rua 7 de Setembro: a briga por espaço

Nos últimos anos, tem sido uma tarefa cada vez mais desafiadora conseguir transitar pelas ruas e avenidas do centro de Nova Friburgo com tranquilidade. Um exemplo claro é o intenso tráfego de veículos que passam pela Rua 7 de Setembro, que se agrava nos horários de pico devido à grande quantidade de ônibus, que utilizam a via para chegar a rodoviária urbana e acabam gerando, por diversas vezes, um transtorno ainda maior quando há falta de vagas dentro da rodoviária — causando um enfileiramento desses veículos, diminuindo assim o espaço da pista.  


Rua Carlos Éboli: o corredor do caos

Conhecida por ser uma rua com muitas famílias, onde as crianças brincavam tranquilamente fora de suas casas, a Rua Carlos Éboli hoje está em situação totalmente inversa. Após a abertura da rua, há mais de cinco anos, que fez a ligação à Rua José Namen, a situação melhorou para quem pretende fugir do intenso trânsito da via principal, porém, os moradores não viram vantagem na medida. 

Segundo Milton Martins, que reside na localidade há mais de 30 anos, a abertura da rua, atrelada à falta de organização do trânsito, transformou-se em um grande prejuízo para quem mora ao longo da via. "Com a abertura da Rua José Namen, o movimento aumentou muito e de forma desordenada, e pior: sem providências reais da Prefeitura”. O morador ainda propôs uma possível solução: "O ideal seria transformar essa via de mão dupla em uma via de sentido único e liberar o estacionamento de um lado só. Do jeito que está e com estacionamento de caminhões, carros e até mesmo ônibus dos dois lados, o transtorno é muito grande”.

Para o barbeiro Agrimaldo de Matos, que possui seu comércio na Carlos Éboli há três anos, falta maior atenção por parte do poder público. "Nossa rua está em péssimas condições. Abriram a passagem e depois não fizeram mais nada para melhorar a localidade, que agora está muito mais movimentada. Assim como vários lugares da cidade, nós também precisamos de mais atenção e melhorias.”

Além dos problemas no trânsito, o lixo e o estado das calçadas evidenciam o desleixo por parte dos responsáveis pela rua, que incluem os próprios moradores e comerciantes. Irani da Silva, funcionária da área de limpeza urbana, reclamou dos entulhos retirados de obras e jogado nas calçadas. "É um absurdo termos que limpar a falta de educação das pessoas. Nosso trabalho é manter a rua limpa, mas todos têm que fazer a sua parte. A calçada está cheia de restos de entulho de obra, aqui não é lugar de jogar isso”, argumentou.

A rua também é conhecida por ter a "rodoviária de vans”. Um ponto que serve de parada para os veículos que prestam serviço de transporte de passageiros com destino às cidades de Teresópolis, Rio das Ostras, Cordeiro, Bom Jardim e passeios particulares. Além disso, o local se transformou em estacionamento para ônibus das linhas urbanas da cidade e caminhões de carga e descarga.

Muitos motoristas usam caixotes de madeira para segurar vagas na rua, causando um transtorno ainda maior. Outro problema é o vandalismo, ilustrado nas pichações por toda a rua, inclusive em casas abandonadas, tanto por descuido, quanto por problemas gerados por consequências da tragédia, que, de acordo com moradores, ainda aguardam solução da Defesa Civil — que ainda não liberou a área.


 

Em vez de contratarem caçambas ou procurarem por lixeiras, moradores

transeuntes jogam entulho nas calçadas da Rua Carlos Éboli

 

Paredes de residências na Rua Carlos Éboli são alvo de vandalismo

 

Interditada desde a tragédia de 2011, casa aguarda solução por parte da Defesa Civil e, enquanto isso, é tomada pela vegetação

 


Desafio para motoristas: via de mão dupla se transforma em estacionamento

para ônibus, congestionando ainda mais o trânsito em horários de pico 


Avenida Euterpe: entre a tranquilidade e a insegurança

A Avenida Euterpe é a principal via de acesso aos bairros da zona norte da cidade, além de ser um grande centro comercial de produtos e serviços para automóveis e jardinagem. Apesar de ser um ambiente tranquilo durante o dia, os comerciantes reclamam da segurança no período da noite. Segundo lojistas da área, a insegurança de permanecer com os estabelecimentos abertos após anoitecer, por medo de assaltos, reduz o horário comercial na área. "Estamos num local bem localizado, próximo ao Centro, e o fato de termos um grande supermercado por perto ajuda a atrair maior clientela, mas temos alguns problemas. Como diversos pontos da cidade, as calçadas estão mal cuidadas e como o ambiente é um pouco deserto na parte da noite, o medo de assaltos nos obriga a fechar mais cedo” explica o casal de empresários Cleusa e Debnei Dembergue, donos de dois estabelecimentos na Avenida há mais de quinze anos.

Para os pedestres que passam no local, é preciso driblar obstáculos por calçadas danificadas e irregulares, com pisos quebrados e buracos. Um problema menor, porém relevante, é causado por comerciantes que exibem produtos de suas lojas nas calçadas, atrapalhando ainda mais o trânsito dos pedestres, além de contribuir para a poluição visual.


Matéria produzida pelos estagiários Karine Knust e Lucas Vieira sob supervisão da chefia de redação 

 

Calçadas se transformam em expositores ao ar livre ao longo das calçadas da Avenida Euterpe

 

Falta de vagas não parece ser um problema para caminhoneiros, que param em fila dupla para fazer carga e descarga de materiais

 

Arborização aparentemente inadequada prejudica calçada com crescimento das raízes



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