Vinicius Gastin
A vitória de Edson Barboza sobre Evan Dunham representou muito mais que um passo rumo à disputa do cinturão do UFC. Aos poucos, o lutador de Nova Friburgo escreve o nome na história da principal organização de MMA do planeta, seja pela ousadia dos golpes ou potência dos chutes. Estes, inclusive, são a marca registrada para quem acaba de se tornar um dos dez principais atletas da categoria pesos-leves.
No fim da última semana, o Ultimate Fighting atualizou o ranking da organização e Edson Barboza aparece na nona colocação. O friburguense ganha quatro posições na lista, que traz Benson Henderson em primeiro, Gilbert Melendez em segundo e Josh Thomsom em terceiro. Último algoz, de Barboza, Donald Cerrone aparece na quinta colocação.
"Eu tenho aprendido muito durante meus treinamentos em New Jersey e eu sei que eu tenho muito o que melhorar. O meu objetivo é esse, sempre estar melhorando e aprendendo para seguir meu caminho e me tornar o melhor do mundo”, destaca.
Em entrevista exclusiva ao jornal A VOZ DA SERRA, o atleta de Nova Friburgo comenta sobre a luta contra Evan Dunham, a evolução na modalidade, as expectativas para o futuro no UFC e uma possível revanche contra Cerrone. Barboza também fala sobre o momento especial na vida pessoal. "É um momento único. Ainda não caiu a ficha que vou ser pai.”
Mais uma vez, você vence uma luta a partir de um chute contra o seu rival. Acha que pode ficar marcado no UFC como o lutador que melhor executa esse tipo de movimento (o chute)?
Eu sou o único lutador da historia do UFC com duas vitórias por "low kicks”, que são os chutes na coxa, e o único com quatro vitórias por chutes. Eu não sei se vou ficar conhecido como o melhor lutador com esse tipo de golpe, e nem é algo que eu esteja pensando. Eu quero lutar e se eu perceber a oportunidade em terminar a luta por chute, vou terminar. Se for por soco, vou terminar também.
Qual a avaliação que você faz da última luta? Esperava finalizar Dunham tão rapidamente (apenas três minutos de combate)?
Eu sabia que ele era um lutador muito duro. Só que no começo da luta ele não fez nada do que eu estava esperando. Ele é um lutador que anda para frente, mas na minha luta ele só se movimentou para os lados. Então eu fiquei esperando encontrar a distância certa para jogar os golpes. Graças a Deus aconteceu rápido, e sem muito sofrimento para os amigos e familiares que assistem.
Em uma de suas entrevistas, você afirmou que percebeu os cotovelos de Dunham um pouco acima, e por isso arriscou o chute. Poderia descrever aquele momento? Como ter esse tipo de percepção em meio à emoção da luta?
Eu já sabia que ele lutava com os cotovelos meio abertos e meus corners estavam me avisando sobre isso durante a luta. Como disse, eu estava encontrando a distância para desferir os chutes. Eu já tinha dado uma joelhada e um direto naquela região e sabia que ele tinha sentido, então eu joguei o chute.
A cada combate, é perceptível o seu amadurecimento. Parece quase sempre ter a luta sob controle. Também enxerga dessa forma? Como você observa a própria evolução ao longo do tempo no MMA?
Sim, eu tenho aprendido muito durante meus treinamentos em New Jersey e eu sei que eu tenho muito o que melhorar. O meu objetivo é esse, sempre estar melhorando e aprendendo para seguir meu caminho e me tornar o melhor do mundo. Ali no UFC estão os melhores, é a copa do mundo da luta, se eu não me aprimorar, os outros vão me passar. Cada detalhe faz a diferença, e eu quero me aprimorar em cada detalhe.
Há alguma especialidade que você pensa em aperfeiçoar ou já pode ser considerado um atleta completo?
Eu quero me aprimorar em tudo. Muitas vezes, por eu ser do muay thai, as pessoas acham que tenho que treinar mais as outras artes, como o jiu-jitsu, mas se o meu ponto forte é o muay thai, então eu tenho que ser o melhor nela. Ali é MMA, vou lutar com adversários faixas-pretas de jiu-jitsu, então eu tenho que ser o melhor no jiu-jitsu; e para eu dominar a luta, tenho que decidir se quero manter em pé ou no chão, então eu tenho que ser o melhor no wrestling. Ou seja, tem que se aprimorar em tudo.
Na coletiva após a luta, você se mostrou animado com uma possível revanche com Cerrone. Caso ela ocorra, o que fazer de diferente para sair vitorioso?
Apenas me aprimorar e aprender mais.
Chamou a atenção o gesto imortalizado por Bebeto, na Copa do Mundo de 1994, feito por você após a vitória contra Dunham. Qual o peso da expectativa de ser pai na motivação para uma luta? Interfere psicologicamente na preparação?
Olha, é uma grande motivação. Um filho significa mais uma boca para alimentar. Eu acho que ainda não caiu a ficha. Bruna e eu estamos juntos há dez anos e Deus nos abençoou na hora certa. Eu não tenho nem palavras para agradecer a Deus por ser pai.
Nova Friburgo e região, cada vez mais, vibram com suas lutas. Desta forma, até que ponto você acha que pode contribuir para o crescimento da modalidade no município e proximidades?
Quando me falaram que Friburgo estava assistindo a luta em plena quarta-feira, fiquei emocionado. Eu fico muito feliz pelo reconhecimento das pessoas e pelo crescimento do esporte. Quem luta no octógono não briga na rua, sabe o valor da disciplina e do respeito. E eu vim de um projeto social, sei a diferença que esse esporte pode fazer na vida de uma pessoa. E vou contribuir da maneira que eu puder para o crescimento da modalidade.
Quais serão seus próximos passos no UFC? Já dá para sonhar em disputar o cinturão ou acredita que algumas vitórias ainda são necessárias para desafiar os principais lutadores da categoria?
Quero lutar, fazer o que eu amo. O cinturão está lá e eu sei que ele vai ser colocado na minha cintura. Ainda não sei quando, mas vai. Quero agradecer ao A VOZ DA SERRA por estar sempre me dando apoio. Agradecer aos meus apoiadores Duda Damewer Acessórios e a HPN/MMK Investimentos, que são empresas que eu confio e que confiam em mim e no meu trabalho. Quero agradecer imensamente a cada friburguense que ficou acordado na madrugada de quarta-feira. Vamos juntos chegar ao topo, e eu conto com a torcida de todos vocês.
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