A bola rola apenas em setembro, mas a movimentação para montar o elenco do Friburguense para a disputa da Copa Rio é intensa. A diretoria confirmou que o atacante Romulo não é mais jogador do clube. O jogador tinha contrato com o Tricolor da Serra até o dia 31 de julho deste ano.
No primeiro momento, o atleta de 23 anos alegou problemas com os torcedores para pedir o desligamento da equipe. O atacante ouviu vaias durante as partidas e, segundo ele, o fato incomodava também aos familiares.
"Foi uma surpresa pra gente, já que o Romulo é um jogador criado na base. As vaias são naturais. Eu me lembro do Bidu, por exemplo, quando começou. É um processo que muda de acordo com o que você apresenta dentro de campo”, explica o gerente de futebol José Siqueira.
Após analisar o pedido, o dirigente ofereceu a renovação de contrato para um posterior empréstimo, e Romulo pediu um tempo para analisar. No dia seguinte à conversa, revelou que tinha uma equipe interessada em sua contratação, a qual não poderia ainda divulgar o nome. A proposta salarial seria quatro vezes maior ao que recebia no Friburguense, algo em torno de R$ 15 mil, e Romulo naturalmente manteve sua vontade de mudar de clube. De acordo com a Lei Pelé, o jogador poderia assinar um pré-contrato com outro clube — a legislação permite a assinatura a seis meses do vencimento do vínculo em vigor. Caso o Friburguense não o liberasse, o procedimento seria feito.
"A pressão dos pais foi grande, e pela insatisfação dele, nós resolvemos liberar. Se ele não saísse hoje, com certeza iria daqui a três meses. Nós perdemos aquele relacionamento de amizade e virou um vínculo entre patrão e empregado. Essa não é uma característica nossa”, explica Siqueira.
Após a rescisão contratual com o Friburguense, Romulo assinou por três anos com o seu já agora revelado contratante: Joinville-SC, clube que vai disputar a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. O Friburguense tentou algum tipo de parceria e, dentro da negociação, conseguiu o direito de representar o jogador. O Tricolor da Serra não levou nenhuma compensação em dinheiro, mas terá direito a 5% de uma possível futura transferência internacional.
"Depois da rescisão que eu soube que seria o Joinville. Ele deve se apresentar no dia 14. Nós criamos o jogador, investimos desde a base e não ganhamos nada. Mas isso é fruto da Lei Pelé, que protege e favorece a esse tipo de situação. É lamentável, mas são coisas do futebol. Outros casos desses virão, porque a lei permite. Esse é um ano em que muitos atletas estão encerrando o contrato, e nós vamos trabalhar para renová-los. O Romulo entendeu que era o melhor pra ele, mas com certeza não foi o melhor para o Friburguense.”
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Toshyia também é negociado
Após dois anos vestindo a camisa do Friburguense, o japonês Toshyia Tojo também deixou o clube e acertou com o Avaí, de Santa Catarina. O atacante atuou em dez partidas como titular pelo Tricolor da Serra e marcou cinco gols. O grupo Br1 Sports, responsável pelo passe do jogador de 22 anos, conduziu as negociações em parceria com o gerente de futebol José Siqueira.
"Existiu o projeto de dar o espaço e internacionalizar a marca. Tivemos a oportunidade de realizar uma viagem ao Japão, e outras coisas poderiam ter sido feitas. Mas a visão do grupo de investidores era exclusivamente fortalecer a imagem do jogador e nesse processo pintou a oportunidade de jogar no Avaí. Eles entenderam que lá é uma vitrine maior”, explicou o dirigente.
Toshyia passa por um período de testes no time catarinense. A negociação gerou uma parceria entre os clubes e o Frizão terá direito a um percentual em uma possível transferência. Um possível retorno para o Campeonato Carioca de 2015 não está descartado. "Ele pode estar aqui no Carioca. É uma situação diferente do Romulo, porque tudo foi negociado e se definiu dessa forma. A gente passa a ser parceiro do Avaí, e se ele tiver bom desempenho por lá, nós teremos um resultado através da parceria. É algo natural no futebol.”
Lucas renova, mas deve ser emprestado
Na contramão das saídas de Romulo e Toshyia, o Friburguense consegue renovar os vínculos de alguns dos principais jogadores. Os experientes Cadão, Sergio Gomes, Bidu e Ziquinha confirmaram a permanência no clube. No início da semana, o volante Lucas assinou novo contrato, mas deve ser emprestado. O Macaé é o provável destino do jogador. Marcelo também deve renovar com o Frizão e trilhar um caminho semelhante. Macaé, Madureira, Tupi-MG e RB Brasil-SP estão interessados em contar com o meia.
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"Acredito no projeto”
Andreotti recusa propostas e permanece no Friburguense
A paixão do técnico Gerson Andreotti por Nova Friburgo não é segredo. A rápida identificação com a cidade acelerou o processo de adaptação à filosofia do Friburguense, e o trabalho no clube vai completar quatro anos ao fim de 2014. Nesse meio tempo, o treinador passou pelo Macaé por empréstimo, logo após o estadual do ano passado. Assim como em 2013, o Frizão não conquistou vaga para a série D do Brasileirão, e Andreotti recebeu algumas sondagens — inclusive do próprio Macaé. Entretanto, optou por permanecer no Eduardo Guinle.
"Aqui existe o projeto de fazer um trabalho bom na Copa Rio e ter um acompanhamento direto desses garotos dos juniores. A gente percebe que aqui existe começo, meio e fim, e o Siqueira trabalha profissionalmente. Isso nos desperta o interesse de continuar com o trabalho. O Cadão, o Bidu, o Ziquinha e o Sergio Gomes são exemplos e representam o alicerce de tudo isso, pois a garotada que sobe se espelha neles.”
Desta forma, Gerson Andreotti planeja a preparação para a Copa Rio a partir do próximo dia 28, quando ocorrerá a reapresentação do elenco. "A programação foi feita em função das condições do clube. O Siqueira programou a antecipação das férias, e a gente retorna visando a Copa Rio. Nesse espaço de tempo, eu estou colaborando com o futebol amador, junto com o Mendonça e o Paulo (preparador físico), até porque gera uma motivação para a garotada e atrai os garotos das cidades vizinhas a procurarem o Friburguense. O Friburguense sempre trabalhou assim. O clube parou um pouco em função da queda em 2010, o que prejudicou a situação financeira. A base ficou um pouco mais distante no aspecto de acompanhamento. Mas como o Friburguense já está há três anos na primeira divisão, nós podemos realizar esse trabalho. Eu gosto disso, até porque o Friburguense é o clube que mais lança jogadores.”
Quanto ao elenco para a disputa da competição estadual, Andreotti deverá perder mais algumas peças além de Romulo e Toshyia. O fato não preocupa o treinador, que acredita na permanência de grande parte da equipe e confia no processo de renovação com os jogadores da base.
"Essa questão passa por cada um, pois eles visualizam o que é melhor. Sendo bom para o Siqueira e para eles é preciso analisar. A intenção é manter a maioria. Alguns visam uma situação diferente e é complicado, mas a base vai continuar. Ainda é muito cedo. O Jorge Luiz vai recuperar, o Marcelo e o Lucas estão no processo de definição se vão continuar ou não. A Copa Rio é só em setembro e até lá muita coisa pode mudar, mas eu acredito muito no grupo que está aí. O time titular no Carioca era bom, e os reservas também. Temos jogadores prontos para entrar e dar conta do recado.”
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