EDITORIAL - Encanto perdido

terça-feira, 15 de abril de 2014
por Jornal A Voz da Serra

UMA NOTA publicada na coluna Massimo, na edição de ontem de AVS, entristece quem mantém a esperança pela preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural de Nova Friburgo. Na madrugada de domingo, sabe-se lá por que, um incêndio destruiu parte do antigo Park Hotel, no Parque São Clemente, afetando um ícone da arquitetura friburguense, um marco do bom gosto e do bem viver que notabilizou a cidade em décadas passadas.

PROJETADO pelo arquiteto Lucio Costa, a pedido da família Guinle, quando do lançamento imobiliário do Vale dos Pinheiros, para abrigar possíveis adquirentes de terrenos naquele lugar, o hotel tornou-se símbolo arquitetônico que harmonizava a leveza da construção em madeira com a beleza do local. Durante muitos anos foi um hotel, porém o tempo tratou de torná-lo obsoleto, ficando fechado durante muitos anos. O fogo, agora, tratou de dar fim ao imóvel.

O PATRIMÔNIO cultural friburguense sofreu sérios baques por conta da catástrofe climática de 2011 e até hoje vive a fase de reconstrução. Praticamente todos os seus centros de cultura foram afetados, sendo um exemplo emblemático o Centro de Arte, que aguarda até hoje o seu pleno funcionamento, pois também sofreu danos materiais e permanece com o seu teatro interditado.

ALÉM DISSO, o patrimônio artístico do município foi profundamente atingido com a chuva, que destruiu parcialmente a Capela de Santo Antônio, no Suspiro, e a Fonte do Suspiro, além de instalações de ensino do Colégio Anchieta, bem como o campus da Uerj, na Vila Nova. Sem falar no paisagismo do Nova Friburgo Country Clube.

SE A PALAVRA reconstrução ainda está na pauta de prioridades, a cultura friburguense também deve estar na linha de frente para que isto aconteça. Atingida como foi em 2011, a vida friburguense perde um pouco do seu encanto e atratividade turística, agora mais ainda com a perda do Park Hotel.

OS PROBLEMAS com a cultura não param aí. Aprovado pela Câmara Municipal há anos atrás, o projeto do Executivo que prevê novos tombamentos de bens públicos ou particulares de interesse histórico ou cultural ainda não foi deslanchado. Para quem sofreu perdas quase irreparáveis com a chuva, é um bom momento para reavaliar a importância dos imóveis e os riscos enfrentados pelo nosso patrimônio.

A CULTURA friburguense possui um rico valor agregado para o turismo e a economia do município. Além de gerar renda, cria inúmeras oportunidades de trabalho. Devemos, pois, tratá-la como investimento para que volte à sua plenitude e não como uma obra embargada sem previsão de voltar à atividade, no final da fila das prioridades.

O IMPORTANTE patrimônio de Nova Friburgo deve ser visto em sua totalidade, fortalecendo as leis existentes e criando outras medidas que possam ajudá-lo a ser preservado. Cultura, educação, meio ambiente e turismo são apenas algumas áreas que não podem perder o foco da questão, sob o risco de não conquistarmos o desenvolvimento por falta de iniciativa política e não só de recursos financeiros. Pode-se fazer muito com pouco.

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