UM POUCO de frustração foi a mensagem transmitida pelo gerente de futebol do Friburguense, José Siqueira, em reportagem ao jornal AVOZ DA SERRA de sábado, sobre a não participação de Nova Friburgo como uma das cidades brasileiras a receber seleções estrangeiras durante a Copa do Mundo. O lamento friburguense é diametralmente oposto ao que declarou o ex-presidente Lula, em 2010, ao afirmar que a Copa seria uma "grande oportunidade para acelerar o desenvolvimento do nosso país”.
AO SER excluída do rol das cidades que receberiam as seleções estrangeiras de futebol, Nova Friburgo mostrou que não está preparada para eventos que movimentem um grande número de pessoas. A nossa rede hoteleira não está capacitada para receber turistas estrangeiros; não dispomos de estrutura turística adequada; nosso sistema de transporte é deficiente; e não existe mão de obra capacitada para suprir a indústria do turismo.
HOJE, a menos de dois meses para o início do torneio, constatamos que sediar a Copa não traz benefício econômico, ao contrário do que demagogicamente anunciou o presidente Lula. Por todo o mundo, a grande mídia está reticente com a solução brasileira para tornar a Copa um evento de sucesso. Nos últimos meses, diversos jornais e comentaristas apresentaram avaliações pessimistas. "Se você quer impulsionar a economia com o dinheiro do povo, que paga impostos, é melhor investir em escolas e hospitais”, disse o jornalista britânico Simon Kuper, autor de um livro que analisa o futebol em números e fala sobre o impacto de grandes eventos esportivos sobre a economia de nações que as sediaram.
ENQUANTO o ceticismo ocupa o noticiário esportivo internacional, o Brasil vive o drama de dar conta do recado, aprontando rapidamente os estádios, ampliando a infraestrutura aeroportuária, preparando a malha rodoviária para atender aos turistas e qualificando a nossa mão de obra despreparada, apesar dos acenos otimistas do Ministério do Esporte ao afirmar que tudo está dando certo.
PESQUISA do Ministério do Esporte aponta que a preparação da Copa movimentará R$ 142,39 bilhões adicionais na economia nacional de 2010 a 2014, gerando 3,63 milhões de empregos. Segundo o governo, a Copa também será uma grande oportunidade para o mundo conhecer o Brasil e suas belezas. Apesar do otimismo político, a sociedade não tem a mesma visão dos governantes.
ATUALMENTE, o país vive o dualismo da expectativa dos jogos e a insatisfação com a nossa economia e o desenvolvimento social. Apesar da venda excepcional de ingressos, com os brasileiros adquirindo muito mais do que qualquer outra nacionalidade, existe o movimento de protesto visando a melhoria da realidade nacional e para que as próximas eleições tragam uma renovação do processo democrático.
SE A SOCIEDADE não tem muito o que comemorar, vamos então desejar que os meninos de Luiz Felipe Sclolari, pelo menos, não façam feio aos olhos do mundo entre 12 de junho e 13 de julho. Só nos resta torcer.
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