Mudança de escola requer cuidados para não gerar traumas às crianças

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
por Jornal A Voz da Serra

Flávia Namen
O início do ano letivo é um momento aguardado com expectativa por muitos estudantes, que ficam ansiosos para rever os amigos e voltar à rotina de estudos. Há aqueles, entretanto, que precisam lidar com a angústia e as incertezas de estudar em uma nova escola. Troca de endereço, incompatibilidade da família com a proposta da escola, falta de adaptação da criança ao projeto escolar são alguns dos fatores que costumam motivar a mudança, que requer alguns cuidados para se tornar menos traumática. 
Segundo especialistas, os motivos da troca de escola devem ser sempre explicados pelos pais. As justificativas, entretanto, nem sempre são entendidas pelos pequenos. Neste caso, deve-se deixar claro que o poder de decisão é dos pais, já que a criança não tem condições de avaliar a qualidade de ensino de uma escola. “A criança pode externar um mal-estar e manifestar um sofrimento, mas se os pais estiverem seguros de que a decisão foi a melhor, não devem ceder às birras. Muito diálogo, muita escuta e amparo são importantes nesse momento. Levar a criança ao novo ambiente, conversar com os educadores e até frequentar a escola por alguns dias são dicas que costumam dar certo”, afirma a pedagoga e mestra em Educação, Francisca Paris. 
Segundo ela, a mudança pode ter uma série de pontos positivos. Um deles é mostrar aos futuros adultos de que na vida nada é estático ou imóvel e tudo é passível de transformações. Sem contar que as crianças comunicam-se e criam laços facilmente, conforme pode ser observado nas praças e parques, o que demonstra que logo farão novas amizades. Em suma, é uma experiência importante que também permite incentivar a capacidade de adaptação, algo essencial na vida adulta. 

Jovens tendem a sofrer mais
Ao contrário das crianças, os jovens tendem a sofrer mais com a mudança de escola. Isso porque é nessa fase que os adolescentes formam grupos, que são fundamentais na construção de sua identidade e autonomia. Trata-se de um período em que acontece o fortalecimento dos laços com os amigos e, consequentemente, o rompimento das relações com os pais. “O afastamento do grupo pode parecer-lhes trágico, daí a importância do apoio dos pais, responsáveis pela decisão de mudar os filhos de escola. Pode-se propor uma reunião em casa com os novos colegas da classe para facilitar o entrosamento”, sugere a educadora.
Para Francisca, o comprometimento dos educadores também é fundamental nessa fase delicada. “Os professores têm como tarefa profissional ajudar no processo de adaptação. É preciso que alguém da escola apresente o novo colega aos demais e conte sua história ao corpo docente. Atitudes como aproximar-se do novato, mostrar os diferentes ambientes da escola e colocar-se à disposição para ajudá-lo em momentos de dificuldade são iniciativas que dão resultado”, recomenda. 
Caso o aluno ainda apresente dificuldades em adaptar-se, a educadora aconselha que a decisão seja repensada e aponta dois caminhos: “Ou decide-se por uma nova mudança, ou tenta-se, junto ao filho, encarar a frustração como processo de amadurecimento”.

Dicas importantes que ajudam na adaptação
- Ficar ao lado, física e emocionalmente, dos filhos diante do novo
- Acompanhar os passos da mudança
- Encorajar os filhos diante dos primeiros temores
- Conversar com os professores e solicitar uma comunicação mais próxima
- Perguntar sobre os desafios de cada dia
- Ajudar nas primeiras tarefas, que podem parecer estranhas
- No caso das crianças, propor um período de adaptação
- Incentivar novas amizades
- Promover uma “noite do pijama” em casa e convidar os novos amigos
- Não negligenciar as solicitações da escola, mas cumpri-las para a criança não ficar constrangida
- Observar a cultura escolar e segui-la, para a criança não se sentir deslocada
- Ficar sempre alerta: se os sinais de sofrimento não diminuírem, procurar ajuda junto à escola

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