Crematório em Córrego Dantas ainda preocupa moradores

quarta-feira, 31 de dezembro de 1969
por Jornal A Voz da Serra
Crematório em Córrego Dantas ainda preocupa moradores
Crematório em Córrego Dantas ainda preocupa moradores

Juliana Scarini
Não bastasse ser o bairro mais atingido na tragédia de 2011, o Córrego Dantas ainda tem que sofrer com a fumaça gerada pelo crematório Creamor. A VOZ DA SERRA publicou na edição do dia 26 de outubro e-mail da associação de moradores do bairro relatando a indignação da comunidade. 
“Algodão, seringas, agulhas, restos de remédios, luvas, curativos, sangue coagulado, órgãos e tecidos removidos, fetos, meios de cultura e animais utilizados em testes, resina sintética, filmes fotográficos de raios-x entre outros materiais derivados dessas atividades chegam diariamente à incineradora, advindos de hospitais públicos do Grande Rio, Santa Maria Madalena, Duas Barras, Fundação Oswaldo Cruz etc”, informava trecho da carta que, entre outros argumentos contra a atividade do crematório, cobrava soluções para o problema vivido pela comunidade de Córrego Dantas.
Segundo Gustavo Jachelli, proprietário de um restaurante na Avenida Antônio Mário de Azevedo, a fumaça chega a atrapalhar o seu comércio. “O cheiro não é nada bom. Essa fumaça tóxica não é boa pra ninguém”, destacou. Já Kelly Bastos, moradora há 30 anos do bairro, afirma que a fumaça incomoda bastante. Ela ainda relatou que parece que o crematório está fechando, mas na verdade eles estão funcionando e, aparentemente, os funcionários saem escondidos do local.
Em outro trecho do e-mail a associação de moradores frisou: “Deixamos de ser a Suíça Brasileira para nos tornarmos uma verdadeira lixeira de material infectante do estado, na beira de um córrego, numa das portas de entrada da cidade, a estrada Friburgo–Teresópolis”.  Eles ainda questionam as autoridades locais, afirmando que “a comunidade de Córrego Dantas, diretamente atingida, vem fazendo a sua parte em prol do bem-estar da municipalidade. Alô, Secretaria do Meio Ambiente, da Saúde, Autoridades Municipais e Estaduais, Federais, MPE, MPF, Câmara dos Vereadores, Inea, Ibama, a Comunidade do Córrego Dantas gostaria de saber o porquê de uma interdição imediata como essa que o Inea aplicou ao Creamor não ser suficiente para fechá-la. Para uns tudo é possível: o Creamor, com interdição imediata, publicada oficialmente, pode continuar suas atividades irregulares sem nenhum constrangimento, já para outros, uma interdição imediata significa fechar as portas no ato e, se insistir, multa e mais multa. Por que a lei, nestes casos, não é igual para todos?”.
Cláudio Werneck, também morador do bairro, conta que o Creamor está funcionando de forma discreta e quase não se vê movimento de caminhão. “Nós somos muito sensíveis a esse movimento. O local não é próprio para isso e estranhamos muito que o crematório tenha autorização para continuar funcionando”, queixou-se, lembrando que há sete anos, quando o Creamor se instalou na região, começou com apelo romântico de cremar animais de estimação, mas depois de um tempo os moradores do bairro passaram a conviver com a fumaça tóxica resultante da incineração de material hospitalar.
O Ibama foi o primeiro órgão a autuar o Creamor e algum tempo depois o Inea determinou sua interdição imediata. Porém, segundo a associação de moradores do bairro, o juiz liberou, através de liminar, num mandado de segurança, o funcionamento da incineradora.
Margareth Nacif, superintendente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), informou que o conselho diretor do órgão determinou o fechamento imediato do Creamor até o dia 23 de dezembro. Segundo ela, eles já apresentaram outra área para instalar suas atividades na região metropolitana do estado.
“Essa empresa presta um serviço relevante, que é a queima de resíduos hospitalares, clínicas, entre outros. Eles também precisam de um tempo para avisar aos seus clientes sobre o encerramento de suas atividades na cidade”, pontuou Margareth, ressaltando que o local vinha sendo notificado com “adequação” frequentemente, mas, como não se enquadrou às normas de funcionamento, terá que encerrar suas atividades. “Na defesa eles alegam que precisam de um prazo a mais para notificar as pessoas que dependem do serviço”, comentou Margareth sobre o Creamor.

A reportagem de A VOZ DA SERRA enviou e-mail à Prefeitura solicitando esclarecimentos sobre os pontos questionados pela associação de moradores do Córrego Dantas, conforme trecho da matéria. No entanto, até o fechamento desta edição não obtivemos resposta.

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