Apostando na economia criativa

Músico e poeta, que lançou seu primeiro CD autoral (o álbum “Flores da Serra”), em julho do ano passado, o friburguense Arnaldo Luis Miranda é um misto de artista e empreendedor cultural. Há dez anos desenvolvendo projetos e ações na área da economia criativa, sempre apostando na vocação e no potencial do município e região para atividades no setor.

No próximo 19 de abril—Dia do Índio—ele dará partida a uma nova etapa de seus planos com a inauguração das novas instalações da empresa que mantém em Nova Friburgo. “A Cia do Ar. ações em cultura” passará a funcionar na Rua Ernesto Brasílio 14/201, Centro. O telefone é 3066-2829 e o e-mail: ciadoar.cultura@gmail.com.

A inauguração do novo espaço voltado à cultura terá momento especial, incluindo recepção e performances artísticas, com início às 19 horas, na sobreloja do próprio Edifício Galeria Central—entre as ruas Portugal e Ernesto Brasílio—, onde está situado. Exposição da fotógrafa Regina Lo Bianco e apresentações musicais de Ney Velloso e do grupo instrumental Tócaz são algumas das atrações que, no entanto, mais do que comemorativas, têm o caráter de mostrar o quanto a produtora destina-se às mais diversas formas de manifestação artística.

Um birô a serviço das artes

Assim a Cia do Ar. se propõe a ser um birô de serviços na área cultural. Baseada na própria experiência da trajetória de Arnaldo e ainda na constatação de que artistas precisam de suporte em diversas áreas, para se dedicarem às suas atividades específicas, a empresa está estruturada para oferecer desde produção de videoclipes, arranjos para músicos profissionais, partituras para registro na Escola Nacional de Música; edição de músicas (e a obtenção do ISRC—International Standard Recording Code, que é um código de numeração de âmbito mundial que identifica a gravação no repertório fonográfico internacional—, registro de videoclipes e DVDs junto à Agência Nacional de Cinema (Ancine) para obter o CPB—Certificado de Produto Brasileiro, que habilita para participações em concursos diversos—, além de design gráfico e produções fonográficas e videofonográficas.

A Cia do Ar. ações em cultura, com suas vertentes editorial, fonográfica e audiovisual, possui ainda o selo editorial GirlamEditores—responsável, entre outros títulos, pela publicação, em 2008, da edição atualizada e ampliada do livro “A Caminhada de uma Cidade Livre: resumo histórico da formação e desenvolvimento de Nova Friburgo”, com o qual marcou sua atuação no município numa estratégia de valorização da história friburguense—e também a editora musical FlamingoEdições, agora consolidando sua função de empresa de produção cultural, reforçando a crença na economia criativa e confirmando sua aposta neste segmento na Região Serrana.

Vitórias e conquistas numa trajetória de dez anos

Buscando contemplar parcerias e atividades que agreguem pessoas, empresas, instituições e profissionais afinados com a proposta de construir um ambiente propício ao desenvolvimento de ideias e projetos estruturantes do setor, Arnaldo não mantém um simples projeto pessoal. Pelo contrário, seu objetivo é demarcar o território da Região Serrana como um local de vocações naturais para a música, músicos, profissionais do setor e das artes em geral.

“Nova Friburgo tem muitos e prósperos caminhos”, lembra o artista, ao destacar a Cultura. “O potencial e valores de nossos artistas, nos mais diversos segmentos, podem garantir nova perspectiva de desenvolvimento regional, sendo que a indústria do entretenimento é uma das mais promissoras hoje.”

O lançamento do CD “Flores da Serra” no conturbado ano de 2011, quando muitos pensaram em desistir, evidenciou a persistência da Cia do Ar. O álbum autoral do poeta Arnaldo Luis Miranda, com 13 faixas e a música-título homenageando a Mata Atlântica, reuniu interpretações e participações especiais de Cláudio Nucci, Jozi Lucka, Giovanni Bizzotto e Rodrigo Garcia (violonista do grupo Nó Cego), e promoveu um encontro de grandes músicos e profissionais: o tecladista e arranjador Tiquinho Santos (proprietário, junto com José Antonio Noronha, o Cebolinha, do MidStúdio, onde o disco foi gravado, mixado e masterizado); Ágni de Souza, Ney e Kauã Velloso, Piter Toledo, Anderson Erthal, Cleber Silva, Gilney de Oliveira, bem como o lendário saxofonista Uda, o guitarrista Estevão Andrade, o contrabaixista Edson Lobo e o baterista Jouber Alves.

Instalada em Nova Friburgo, a partir de 2001, a primeira publicação do selo Girlam Editores em off-set foi “Uma leiga a serviço de idosos e enfermos” (edição esgotada), um relato sobre a atuação de dona Lília Berbert de Miranda na pastoral da saúde da Diocese de Nova Friburgo.

Em seguida, a empresa editou o caderno Atlântica intermídia de cultura e ideias, mídia impressa em formato tabloide com circulação mensal entre 2003-2005 na Região Serrana, a partir de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, com tiragem média de cinco mil exemplares.

Já em 2004, lançou do poeta e dramaturgo Arnaldo Luis Miranda “Archeiro—sonetos canções e poemas de amor paixão e amizade”. E em 2006, o artista lançou “Rio”, disco com temas instrumentais e um samba-bossa em homenagem à Cidade Maravilhosa, com a participação especial da cantora Denise Pinaud e do saxofonista Uda.

Nova Friburgo como cenografia natural

Em 2011, simultaneamente ao CD, a Cia do Ar. lançava também o projeto “Flores da Serra”. Além do disco, consta do DVD homônimo (em produção), incluindo videoclipes baseados nas canções de Arnaldo Miranda, com o objetivo de utilizar paisagens de Nova Friburgo vinculando a imagem do artista às belezas naturais da região serrana do Rio de Janeiro. O primeiro resultado deste trabalho, ainda no ano passado, além do sucesso do CD (esgotado), foi a premiação do videoclipe “Flores da Serra” com o primeiro lugar na categoria musical no 4º Prêmio do Cineclube de Jacareí (SP), com o troféu “Corvo de Gesso”.

O videoclipe, dirigido pelo jovem artista plástico friburguense Ilson Junior, diretor e roteirista do DVD, foi uma produção da Cia do Ar., tendo como cinegrafista e diretor de fotografia Sergio Martins.

Com a produção dos videoclipes musicais, inaugurou-se nova vertente de seu trabalho artístico também acreditando que esse é um elemento importante para divulgar o município através das diversas possibilidades de locações da cenografia natural em que Nova Friburgo se constitui.

“Inclusive, buscamos sensibilizar setores afins—moda, móveis & decorações, hotéis & pousadas, instituições de ensino, que caracterizam a genuína vocação da Região Serrana—para uma sinergia em torno do audiovisual como meio privilegiado de divulgação da cidade”, sustenta, complementando: “A pessoa ouve a música e vê o clipe no YouTube ou no Face, curte, daí se pergunta: que lugar bacana é esse onde ele tá cantando ou onde se passa a história?”, exemplifica o poeta, amante derramado das belezas da serra. “Hollywood faz isso; não precisamos inventar a roda, apenas fazê-la girar a nosso favor”, completa.