Um casaco ventilador para livrar os trabalhadores japoneses do calor

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

terça-feira, 01 de agosto de 2023

Na semana passada, meu artigo foi sobre as cerejeiras japonesas, que aqui chegaram, provavelmente, trazidas por Tohoro Kassuga. Essa semana, vou permanecer em terras japonesas, pois meu artigo versa sobre uma invenção, do também japonês Sony Hiroshi Ichigaya. Nesses tempos de calor extremo que castiga nosso planeta, à exceção dos polos, sua invenção veio para trazer conforto aos trabalhadores em ambiente externo, sob o sol causticante.

No início dos anos 2000, um engenheiro japonês tinha imaginado um casaco ventilador para preservar os trabalhadores japoneses do calor. Nesses últimos anos, várias empresas copiaram a sua ideia.

Em vários setores o aquecimento climático nos leva a experimentar algo para minimizá-lo, tanto para lutar contra seus efeitos, como também para se adaptar ao ambiente hostil, existe um sem número de ferramentas.

Em 25 de julho, o jornal inglês The Gardian publicou uma matéria que era uma verdadeira proeza científica. No Japão, a fim de preservar a saúde dos trabalhadores que trabalham ao ar livre e são submetidos a um calor insuportável, uma jaqueta ventilador foi testada pela primeira vez. Na realidade, essa famosa jaqueta é equipada com dois ventiladores elétricos, em miniatura, que se posicionam na altura das costas. O objetivo é que esses aparelhos, soprando o ar, criariam um micro ambiente resfriado.

Segundo o jornal deve-se essa inovação a Sony Hiroshi Ichigaya, um engenheiro aposentado. Sua inovação foi pensada durante uma viagem à Ásia do Sul, em 1988. Ele tomou consciência de que o rápido desenvolvimento das cidades e a instalação dos sistemas de refrigeração nos novos edifícios contribuiriam para um aumento do consumo de energia; isso favoreceria o aquecimento climático. Desde 2004, Sony Hiroshi comercializou sua ideia: um sistema de refrigeração individual, que tomaria a forma de uma jaqueta ventilador. Desde logo surgiu um problema, pois a autonomia das baterias dos primeiros modelos era pequena, além disso, os aparelhos apresentavam panes frequentes. Passados cinco anos, com esses problemas sanados, essas vestes foram relançadas e, progressivamente, atraíram cada vez mais pessoas que se tornaram adeptos da engenhoca. Muitas outras empresas, além da Makita, fabricante de acessórios e aparelhos elétricos, seguiram os passos de Hiroshi.

Daisuke Seiki, que trabalha na empresa Makita, disse ao The Gardian: “Um grande número de nossos clientes são trabalhadores expostos ao calor como carpinteiros, construtores, agricultores. As altas temperaturas desses últimos anos, certamente, estimularam a demanda”.

Aliás, no Japão, existe uma outra inovação popular, nesse segmento, que é o Reon Pocket, na tradução literária um “ar condicionado vestível”, fabricado pela Sony. Na realidade, é um “mini ar” condicionado que é preso em torno do pescoço e colocado dentro da roupa.

Tais avanços não se devem exclusivamente a um problema de conforto; é, também, uma questão de saúde e segurança. Em várias partes do mundo, muitos trabalhadores morrem em consequência da exposição a altas temperaturas. Recentemente, ainda de acordo com o The Guardian, desde a metade de julho, ao menos cinco pessoas morreram, na Itália, no seu local de trabalho.

Aliás, além das altas temperaturas a que muitos trabalhadores estão expostos, com a consequente possível intermação e desidratação, não podemos nos esquecer dos efeitos deletérios dos raios solares, sobre a pele. Infelizmente, os empregadores não se preocupam com essa situação e os riscos de câncer de pele são enormes. Talvez, a distribuição de protetores solares e a cobrança de seu uso, deveria fazer parte dos famosos EPC (equipamento de proteção coletiva).

Esse artigo foi publicado por Charline Vergne, em 26/07/2023, na revista francesa Environnement. Em função do ineditismo do assunto, resolvi traduzi-lo e trazer para os meus leitores.

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